"Creoula O meu Navio"
O "Creoula" é um lugre de quatro mastros, construído no início de 1937 nos estaleiros da CUF para a Parceria Geral das Pescarias. Foi lançado à água no dia 10 de Maio e efectuou ainda nesse ano a sua primeira campanha de pesca ao bacalhau. Um número a reter é o facto de o navio ter sido construído no tempo recorde de 62 dias úteis. Efectuaria a sua última campanha de pesca em 1973. O
Creoula efectuou 37 campanhas até 1973 e chegou a pescar cerca de 36 toneladas de bacalhau num só dia o que dá uma média de 660 kg por cada pescador. Em 1979, o Creoula foi adquirido por compra à Parceria Geral de Pescarias pela Secretaria de Estado das Pescas, com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, com a finalidade de nele ser instalado um museu de pesca. Na primeira docagem levada a efeito, verificou-se que o seu casco se encontrava em óptimas condições, tendo então sido deliberado que o navio se manteria a navegar (tornando-se uma Unidade Auxiliar da Marinha , U.A.M. ) e seria transformado em Navio de Treino de Mar (NTM) para apoio na formação de pescadores e possibilitar a vivência de jovens com o mar. Para tal, a zona de meio navio, onde ficava o porão de peixe, foi redimensionada e aproveitada para as cobertas de instruendos, camarotes e câmara de sargentos, refeitório das praças e instruendos, casas de banho e estação tratadora de esgotos. Em 1992 o navio sofreu algumas alterações na zona de meio navio, de que se destaca o aproveitamento duma das cobertas de 9 instruendos em benefício de um espaço que funciona como biblioteca e sala de aulas. Como Navio de Treino de Mar o " Creoula " teve um período de grande actividade entre 1993 e 1996, com a realização de grandes expedições ao norte da Europa e ao Mediterrâneo bem como a participação em regatas internacionais. Depois desse período, o Creoula " tem efectuado expedições (viagens) mais ou menos regulares, com grupos de jovens (e menos jovens), associações culturais e desportivas, escolas secundárias, escolas profissionais, câmaras municipais, associações ambientalistas, etc das quais destaco: Em 1995, a Expedição Lisboa Madeira - Canárias - Porto Santo - Lisboa, organizada pelo Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, de 05 a 22 de Julho de 1995; Em 1999, a Expedição Lisboa - Porto Santo - Madeira - Ilhas Desertas - Lisboa, organizada pelo Centro de Estudos da Avifauna Ibérica (C.E.A.I.), de 06 a 18 de Outubro de 1999. Estas duas viagens contaram com a participação do meu filho Tiago Lemos. Em 2003 o Oceanário de Lisboa e a National Geographic organizaram uma expedição aos Açores, que teria início a 12 de Julho de 2003 e terminaria a 1 de Agosto de 2003 e tinha como objectivo a observação de cetáceos no seu habitat natural, bem como possibilitar a aquisição de alguns conhecimentos sobre navegação oceânica. Tive o prazer de participar nesta expedição acompanhado pelo meu filho Tiago que completaria assim o seu 3º embarque a bordo do N.T.M. « Creoula » . Partimos no dia 12 de Julho do Parque das Nações em Lisboa e fizemos escala no Ilhéu de Vila Franca do Campo (São Miguel), em Ponta Delgada (São Miguel) e na Horta (Faial), onde se efectuou a troca de tripulações no dia 22 de Julho, tendo a 1ªtripulação regressado a Lisboa de avião. Em 2004, foi a vez da minha filha Joana Lemos participar na sua 1ª expedição a bordo do Creoula . Esta viagem foi ás Ilhas Berlengas e teve como objectivo a observação da fauna e da flora bem como de toda a envolvente marítima daquela ilha. Esta viagem foi organizada pelo Oceanário de Lisboa e teve a duração de 3 dias, de 28 a 30 de Maio de 2004, tendo nela participado maioritariamente jovens adolescentes de 14, 15 anos. Assim se desenvolveu a paixão da família Lemos por aquele que consideramos ser o mais belo veleiro de Portugal e sem duvida um dos mais bonitos da " white fleet " mundial! A minha participação na expedição aos Açores ficou marcada não só pelo prazer de navegar, pela beleza das ilhas daquele Arquipélago, pela alegria de nadar com os golfinhos e observar de perto as Baleias Piloto, mas também pela enorme camaradagem desenvolvida a bordo entre o nosso grupo de instruendos e a guarnição do navio. Jamais esquecerei o Karaoke no refeitório, o festival de cantigas no convés, as baladas tocadas pelo nosso Comandante, o pão quente ás 4 da manhã, ou as noitadas no Peter´s Café. Também não esquecerei as horas que passei como adjunto do oficial de quarto com o nosso Tenente Baganha (actualmente é o imediato do Creoula " ), as aulas de ginástica do Tenente Madeira, as aulas de origamis da Mafalda (bióloga do Oceanário), as aulas sobre protecção solar do Dr. Croca (Oficial -Médico da Marinha), as aulas do nosso Sargento Mestre sobre a arte de marinheiro (feitura dos nós) e ainda os petiscos do Cabo Cochicho (o nosso cozinheiro). E como me poderia esquecer, do cabo Ferreira, do cabo Santos, do cabo Rodrigues e do marinheiro Pereira meu companheiro de vigia, e de todos os outros bons camaradas de viagem do Creoula. O " Creoula " é inesquecível para todos os que nele têm o prazer de navegar! O mar já fazia parte da minha vida, mas depois de ter participado nesta expedição aos Açores, também este extraordinário navio ficou a fazer parte da minha vida.Espero voltar a navegar no " Creoula " , voltar a embarcar e ouvir a sereia do navio anunciar a partida, ouvir no ETO o apito de ordem da faina geral de mastros, desfraldar as velas e partir rumo ao oceano, rumo à aventura! António Lemos
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