Decorreu, no passado dia 10 de Junho, o Primeiro Torneio de Pesca de Barco de Cascais, no qual participaram 20 embarcações das mais variadas dimensões e cerca de 120 pessoas.
Este torneio, organizado pela EFSA (European Federation Of Sea Anglers, Federação de Pescadores Desportivos de Mar a nível mundial) em parceria com duas empresas Marítimo-Turísticas e com a colaboração da ANOMT (Associação Nacional de Operadores Marítimo Turísticos), contou, apesar da crise que se atravessa, com o apoio e o patrocínio de muitas empresas ligadas ao sector da Náutica de Recreio e da Pesca Lúdica e Desportiva. Já o mesmo não se pode dizer da Câmara Municipal de Cascais (CMC).
A CMC, na pessoa do Sr. Vereador do Desporto, Dr. Sande e Castro, recebeu uma delegação da organização do evento que tinha como propósito solicitar o apoio da Autarquia. De imediato foi informada que a CMC não estaria na disposição de atribuir qualquer subsídio, tendo em conta as restrições orçamentais com que se tem confrontado.
Não pretendiam os organizadores deste evento que o apoio fosse única e exclusivamente de cariz económico, tendo sido comunicado ao Sr. Vereador que a organização agradeceria todo e qualquer apoio, mesmo que se traduzisse unicamente no reconhecimento público da importância do evento para o desenvolvimento da actividade Marítimo Turística na Costa de Cascais. Tal não veio a acontecer, o que, no meu entender, desprestigia a CMC.
A CMC tem, a meu ver, uma visão errónea sobre o turismo náutico e sobre a forma de desenvolver esta vertente turística tão importante para um município detentor de uma extensa zona costeira. Não pode ser apenas através do apoio prestado aos grandes eventos de vela, cuja importância não coloco em causa, que o turismo náutico se desenvolverá. Na realidade, como já se viu, apesar da visibilidade internacional que os mesmos trazem para Cascais, tal não se traduz em benefícios económicos para o comércio da vila, muito menos para os operadores MT que vêem, na maioria das vezes, os seus barcos ficarem parados na Marina enquanto embarcações não licenciadas para a actividade são utilizadas em apoio aos eventos, o que deixa muitas dúvidas na legalidade da sua utilização.
A vela é, quer queiramos ou não, um desporto com algum elitismo. Todos sabemos que a grande maioria dos cascaiences não podem assistir a uma prova de vela porque não possuem embarcação para tal e a prática deste desporto, pelos custos que envolve, está vedada também á grande maioria da nossa juventude.
Em termos turísticos, todos sabemos que um turista que visite Cascais não pretende alugar uma embarcação para participar em competições de vela, mas já pode alugar embarcações para a prática de pesca lúdica, de mergulho e para passeios turísticos ao longo da costa. Estes são serviços que, no seu todo, enriquecem e completam a oferta turística na costa de Cascais. Para desenvolver o turismo e o tornar rentável para as empresas que dele dependem, é necessário termos actividades lúdicas para oferecer a quem nos visita.
Neste seguimento, lamento que, mais uma vez, a CMC tenha recusado apoiar um evento que trouxe a Cascais embarcações e pessoas da Ericeira, de Lisboa, de Sesimbra e de Sines, e que apurou duas equipas para representar Portugal nos campeonatos Europeus de pesca embarcada.
Julgo que a CMC deve repensar a forma com olha para o turismo no seu todo, considerando a importância do turismo náutico numa costa tão grande como a de Cascais e deve ter em atenção a dualidade de critérios que aplica aos apoios concedidos aos eventos náuticos de cariz turística e desportiva.
António Lemos
Este artigo está publicado no “Jornal de Cascais” de 22 de Junho, no "Jornal Notícias do Mar" nº 300 Julho/Agosto e na Revista “Mundo da Pesca” de Agosto.
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