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Domingo, 30 de Setembro de 2007
“Fram” o Navio dos Pólos
A escuna “Fram” serviu primeiro o explorador Norueguês Fridtjof Nansen, na sua tentativa de chegar ao Pólo Norte, numa expedição que duraria de 1893 a1896. Este excelente navio foi projectado e desenhado pelo próprio Fridtjof Nansen ajudado pelo então famoso construtor naval, o escocês Colin Archer.

 

Rolande Amundsen, também norueguês, viria a utilizar o “Fram” na sua expedição para conquistar o Pólo Sul, o que viria a conseguir em 14 de Dezembro de 1911.

 

O “Fram” é considerado por muitos navegadores e exploradores como um dos mais importantes navios na história da exploração.

 

Actualmente conservado no Museu Fram, especialmente construído para o efeito, perto de Oslo, na Noruega, o “Fram” foi concebido para suportar a pressão esmagadora do gelo quando as águas do Oceano Árctico congelassem à sua volta. O casco tinha «uma forma maciça e arredondada», os costados eram abaulados, e o fundo plano. A pressão criada pela dilatação da água ao congelar erguia o navio, colocando-o sobre o gelo compacto que então se formava. O casco era extremamente resistente (espessura dos costados mediava entre 60 a 70 cm) e apresentava superfícies totalmente lisas, que não permitiam a acumulação do gelo em nenhum ponto. O interior do casco estava forrado com tábuas de pinho de 10 a 20 cm de largura. Reforçavam o costado duas camadas de pranchas de carvalho de 7 cm de espessura. Exteriormente o navio era protegido por aquilo a que Nansen chamou uma «pele contra o gelo», que consistia num revestimento macio de “Greenheart”, uma árvore perene de grande durabilidade.

 

Para reforçar o casco, o convés inferior foi construído ligeiramente abaixo do nível da linha de água, onde a pressão do gelo seria maior. A quilha feita de dois barrotes de Olmo americano, cada um dos quais com secção quadrada de 35 cm de largura, era protegida pelo revestimento de “Greenheart” e sobressaía apenas 7 cm sob o fundo – uma preocupação para que a quilha não fizesse o navio adornar quando se este se encontrasse sobre o gelo.

 

Reforçado com vigas de carvalho e pinheiro, o porão assemelhava-se «a uma teia de traves, escoras e braços»; fora concebido para poder transportar um abastecimento de 380t de carvão suficientes para quatro meses, e viveres e equipamento para 13 homens e 34 cães durante cinco anos. A quantidade de carvão era mínima, uma vez que a escuna deveria seguir à deriva, levada pelo gelo durante a maior parte da viagem. Nansen pretendia que o navio fosse simples e resistente, pois haveria apenas 13 homens para o manobrarem. O mastro grande media cerca de 24m de altura e o cesto da gávea encontrava-se 31m acima do nível da água, para que o vigia pudesse ver a grande distancia «quando chegasse a altura de abrir caminho através do gelo». O navio estava ainda equipado com um motor de 220 cv.

 

A boa disposição e saúde de que gozava a tripulação devia-se muito ao facto das paredes do “Fram” serem hermeticamente isoladas com feltro alcatroado, cortiça e linóleo. O tecto estava isolado com uma camada de 28 cm de pele de rena e outros materiais e o pavimento com outro revestimento de cortiça de 15 cm de espessura. Em anteriores viagens de outros navios ao Árctico haviam-se formado sempre gotas de água devido à condensação, que escorria pelas paredes, caído muitas vezes sobre os beliches dos homens, onde por fim congelavam. Nesta viagem., porém, a tripulação estava resguardada e confortável. Nansen escreveu orgulhosamente: «Quando acendíamos uma lareira no salão, não havia vestígios de humidade nas paredes, nem nos camarotes».

 

- Texto adaptado do livro “Os Grandes Exploradores de Todos os Tempos”, Selecções do Reader`s Digest. António Lemos.

 

O “Fram” foi, sem dúvida, um grande navio que serviu dois grandes exploradores do Árctico e do Antárctico, ambos Noruegueses, Fridtjof Nansen e Rolande Amundsen. Um amante do mar e apaixonado, como eu, por toda literatura que relata a relação entre os homens e o mar não podia deixar de render esta homenagem a tão Histórico Navio - o “Fram”.

António Lemos



publicado por António Lemos às 00:54
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