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Terça-feira, 27 de Setembro de 2005
Luiz Vieira Caldas Saldanha (1937-1997)
Luiz Saldanha nasceu em Lisboa em 1937. Estudou no liceu francês e depois na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde se doutorou com um trabalho sobre a ecologia animal na costa da Arrábida. A partir de 1970, foi docente dessa faculdade. Aí foi professor catedrático desde 1979 até à altura do seu falecimento. Desempenhou vários cargos de liderança institucional. Foi presidente do Instituto Nacional de Investigação das Pescas e do Instituto do Mar. Como responsável pelo Laboratório Marítimo da Guia, situado na estrada do Guincho, perto de Cascais, foi pioneiro no domínio da Biologia Marinha, tendo publicado vários trabalhos fundamentais para o desenvolvimento desta ciência em Portugal. *****ACTIVIDADE CIENTÍFICA : O Professor Luiz Saldanha foi um dos mais conhecidos biólogos marítimos portugueses. Foi o iniciador em Portugal do ensino universitário de Oceanografia Biológica e de Ictiologia (ramo da zoologia que estuda os peixes) e a grande força por detrás do actual envolvimento português na investigação internacional das profundidades marítimas.
Saldanha foi um grande impulsionador da intensa actividade de investigação da biologia marinha que actualmente se desenvolve em Portugal. Não descurava nem o ensino nem a divulgação científica, tendo produzido, por exemplo, os textos da série televisiva «O Mar e a Terra».
Cientista de campo, Luiz Saldanha participou em numerosos projectos de investigação nacionais e internacionais. Trabalhou por diversas vezes durante longos períodos em laboratórios marinhos de França, Reino Unido, Estados Unidos e Mónaco. Participou em expedições oceanográficas no Mediterrâneo, Atlântico, Ártico, Antártida, Oceano Índico, e Oceano Pacífico.
Mergulhou regularmente nos submersíveis franceses «Archimède» e «Nautile» e no submersível norte-americano «Alvin». No decorrer dessas missões descobriu chaminés submarinas ao largo dos Açores, descoberta de grande alcance para o estudo da fauna e flora de grandes profundidades.
Foi Luiz Saldanha quem teve a audácia de sugerir que os portugueses deveriam avançar com uma missão de descobertas, agora no fundo do mar, pelo que os sucessos alcançados lhe pertencem em grande medida.
Entre outras honras, Luiz Saldanha tem uma espécie lepidóptera de Angola com o seu nome, a «Charaxes lucretius saldanhai», e um relevo submarino que se chama Monte Saldanha. *****PUBLICAÇÕES: Produziu cerca de 115 textos científicos em revistas especializadas nacionais e estrangeiras, e 5 livros. Dada a longa lista de publicações do Professor Luiz Saldanha, apresentam-se apenas alguns títulos como referência. Listagens mais completas podem ser consultadas nas páginas indicadas em Apontadores.
SALDANHA, Luiz, Estudo do povoamento dos horizontes superiores da rocha litoral da costa da Arrábida, Arquivos do Museu Bocage, V (1), 1-382, 1974. [Tese de doutoramento].
SALDANHA, Luiz, Sobre a forma das grandes profundidades marinhas e sua origem, Lisboa, L.V. Saldanha, 1974 [Prova complementar de Doutoramento].
SALDANHA, Luiz, Fauna submarina atlântica, Mem Martins, Publicações Europa-América, s.d. [1980].
SALDANHA, Luiz, Estudo ambiental do esturio do Tejo : povoamentos bentónicos, peixes e ictioplancton do esturio do Tejo, Lisboa :Comissão Nacional do Ambiente, 1980.
SALDANHA, Luiz, Fauna submarina Atlântica : Portugal, Açores, Madeira, 2ª edição, revista e aumentada, Lisboa, Europa-América, 1995.
SALDANHA, Luís & RÉ, Pedro, eds., One hundred years of Portuguese Oceanography. In the footsteps of King Carlos de Bragança, Publicações avulsas do Museu Bocage, 2ª série (2), 1997.
****Pessoalmente considero o professor Luíz Saldanha a maior referência nacional em relação à Biologia Marinha, e ao desenvolvimento desta ciência em Portugal. As obras que publicou sobre os mares portugueses, (e não só) são de consulta essencial para todos os amantes do mar.
****António Lemos****27 de Setembro de 2005
Domingo, 11 de Setembro de 2005
Hotel Estoril Sol, o Escândalo e as Autárquicas
Reparei há alguns dias nalguns cartazes alusivos ao negócio do Estoril Sol, colocados pelo Partido Socialista na sequência da campanha para as autárquicas. Nesses cartazes, o Partido Socialista e o seu candidato à câmara de Cascais, afirmam que estão contra o negócio que troca o Hotel por 3 torres de apartamentos com 14 pisos, e defendem que Cascais necessita de mais emprego e menos betão.
Não podia deixar de concordar com estas afirmações, no entanto julgo que pecam por tardias, senão vejamos:
Os trabalhadores já foram despedidos, o hotel já está encerrado vai para 3 anos, e os proprietários (a Estoril Sol) pensam em tudo menos em cumprir o que afirmaram, ou seja, construir um novo Hotel de 250 quartos em cima do Casino Estoril, recuperar o Hotel Miramar, e construir um Hotel de Altíssimo Luxo incluído no novo empreendimento de 3 torres a construir nos terrenos do Hotel Estoril Sol. (afirmações do presidente do conselho de administração Sr. Dr. Mário Assis Ferreira, feitas ao DN, Focos, Visão, Semanário, Publico, etc quando do anuncio de encerramento do Hotel).
O que constatamos é que nenhuma das promessas que então se fizeram são para cumprir e o que se comenta pelos corredores do Casino Estoril é que a Estoril Sol pretende vender rapidamente o edifício do Hotel Estoril Sol, para assim realizar receita antes do balanço final do ano corrente.
Por outro lado e alheio a todo este escândalo, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Ministério do Ambiente deu, na passada quinta-feira (8 Setembro 2005), parecer definitivo favorável ao Plano de Pormenor do Estoril Sol, o que foi devidamente anunciado pelo presidente da Câmara de Cascais, António Capucho. O Plano de Pormenor prevê a demolição do Hotel Estoril-Sol, que será substituído por um novo empreendimento residencial com 3 torres.
Também completamente alheio à destruição da fauna e flora do Parque Palmela, onde se encontram espécies protegidas como os Dragoeiros, está o GEC (Grupo Ecológico de Cascais), do qual não se tem ouvido uma palavra sobre todo este atentado ecológico.
A enorme redução na capacidade de alojamento que se verificou no conselho é, sem qualquer dúvida, responsável pelas dificuldades económicas de muitos dos comerciantes da baixa de Cascais, e pela degradação da qualidade na oferta de alojamento, o próprio Casino Estoril, segundo a opinião de alguns dos seus trabalhadores com cargos de responsabilidade, ter-se-á ressentido com o encerramento do Hotel Estoril Sol.
A grande maioria dos ex-trabalhadores do Hotel Estoril Sol, continuam desempregados, não por falta de capacidade ou vontade mas, porque neste país quem tem mais de 35 anos já é velho para reiniciar uma vida profissional, e também porque é mais fácil contratar mão-de-obra barata sem qualificação do que contratar trabalhadores qualificados e com a formação adequada, tão necessária ao desenvolvimento do turismo de qualidade.
Julgo que o Partido Socialista teve tempo e possibilidade de intervir publicamente quando os trabalhadores, apoiados pelos seus sindicatos e por outras forças politicas, o fizeram. O Partido Socialista foi alertado para as consequências que o encerramento do Hotel traria para Cascais, na altura a sua manifestação pública foi pouca ou nenhuma e nessa altura poderia ter feito a diferença.
Incrível é que, o Governo Socialista se mostre favorável à demolição do Hotel Estoril Sol e que o seu candidato ao Município de Cascais seja contra esse plano!
*****António Lemos. ***** Cascais 11 de Setembro de 2005