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O mar está fora da campanha eleitoral!
Temos assistido ao desenrolar de uma campanha eleitoral para as eleições legislativas, que se vão realizar no dia 20 de Fevereiro de 2005, que considero de muito má qualidade. Os políticos preferem digladiarem-se, atacando-se mutuamente, trazendo para a comunicação social questões que em nada esclarecem os portugueses sobre os problemas económicos, sociais e políticos que afectam o nosso país, e muito menos explicando e informando os portugueses, como pretendem ou não pretendem resolver os graves problemas que afectam a nossa sociedade.
Salva-se no entanto a campanha da CDU que, na opinião de alguns comentadores políticos, como Miguel Sousa Tavares e outros na TV e na Rádio, são unânimes em afirmar ser a CDU a força politica que melhor campanha tem efectuado, esclarecendo os portugueses e apresentando soluções, sobre questões importantes tais como: o combate ao desemprego, a revogação do código de trabalho, a saúde, a fuga ao fisco, o aborto, etc, colocando ainda algumas questões sobre a pesca profissional e as normas da União Europeia para este sector.
No entanto sobre o turismo náutico, os desportos náuticos, a pesca lúdica e desportiva, sectores que dão emprego directo ou indirecto a vários milhares de trabalhadores neste nosso país de marinheiros, pouco ou nada se tem falado, eu diria mesmo que nada consta nos programas que os partidos apresentaram aos portugueses. Não encontramos nada que fale sobre a forma como pretendem resolver a enorme carência de meios de busca e salvamento no mar, como pretendem incentivar as camadas jovens para a pratica de desportos náuticos como a vela, a canoagem, o mergulho, a pesca lúdica e desportiva, desportos que podem ser praticados em perfeita sintonia com o meio ambiente, incutindo aos jovens um conceito ecológico de protecção do mar, da sua fauna e da sua flora.
Pelo contrário as mais recentes leis aprovadas, para regularem a pesca lúdica e desportiva são uma verdadeira palhaçada! Estão repletas de contradições, onde se nota de imediato que foram elaboradas por ignorantes na matéria, por pessoas que pouco ou nada sabem sobre a pesca lúdica e desportiva e sobre o turismo náutico em geral.
As enormes dificuldades que as entidades competentes criam ás empresas que pretendem desenvolver o turismo náutico, a pesca lúdica, o mergulho e os desportos náuticos, fazem querer que se pretende manter o tabu de que o turismo e o desporto náutico são só para as elites, ao contrário do que apregoam os governantes deste país. Para quem nos tem governado a palavra igualdade não passa disso mesmo uma palavra a mais no dicionário de língua portuguesa.
No dia 20 de Fevereiro, os desportistas náuticos, os amantes do mar, da pesca, da caça submarina, do mergulho, da vela, os trabalhadores das empresas que laboram nesta área, e que são vários milhares vão votar. Espero que votem em quem pelo menos fez uma campanha seria e honesta, e espero ainda que no futuro os trabalhadores do mar, os desportistas náuticos os amantes do mar consigam obrigar os políticos que nos governam, a ver o mar não só como meio de produção de alimentos, mas também como meio de lazer para os jovens e para os portugueses em geral, para todos.
11 De Fevereiro de 2005
António Lemos
È difícil determinar com exactidão, através da Historia da Humanidade, a partir de quando o homem começou a realizar as suas experiências subaquáticas.
Se recordarmos Hans Hass, esse grande cientista do mar, pioneiro da caça submarina e do mergulho com escafandro autónomo, que deu a um dos seus livro o titulo A Vida Começou No Mar, poderemos pensar que as nossas experiências subaquáticas, o desejo da conquista da profundidade quer seja em apneia quer com escafandro autónomo, não são mais que a expressão e o desejo do homem em voltar as suas verdadeiras origens, à origem de toda a vida, o Mar.
O largo processo evolutivo que o homem atravessou acarretou uma clara consciência do que significa para si esse imenso mundo subaquático, que sempre admirou com respeito e com uma grande curiosidade, às vezes idealizando esse mundo desconhecido como moradia de divindades, monstros e mitos marinhos. Como que atraído pelo desejo de regressar, o homem lança-se na conquista do mundo do silêncio, quer inventando as mais complexas máquinas, quer utilizando unicamente a sua capacidade física e psíquica mergulhando em Apneia. Nascem assim Os Aventureiros da Profundidade, como Hans Hass, Jacques Cousteau, Frederic Dumas, Alber Falco, e outros que começaram por mergulhar em apneia, praticando caça submarina.
Com o aparecimento e aperfeiçoamento do escafandro autónomo, para o qual estes homens muito contribuíram, bem como o desenvolvimento de pequenos submergíveis, passaram a ter uma autonomia que lhes permitiu efectuar estudos científicos, quer a pouca profundidade quer a profundidades inimagináveis, sobre a biologia marinha, a sua fauna e a sua flora, bem como estudar o comportamento do ser humano no meio Subaquático, o que lhes permitiu dessa forma desenvolver teorias e experiências físicas, comprovadas cientificamente, sobre os efeitos do mergulho no Homem, contribuindo assim para o aperfeiçoamento de equipamentos e técnicas de mergulho em segurança.
Assistimos ainda ao aparecimento daqueles a quem gosto de chamar Os Conquistadores do Azul, que apesar do progresso científico e tecnológico, com que hoje somos brindados teimam em desafiar o mar e a profundidade pelos seus próprios meios naturais, os amantes do mergulho livre, e os mergulhadores em apneia têm obtido ao longo dos tempos marcas e recordes que há alguns anos atrás se julgavam inatingíveis. A marca de Santarelli foi superada por Enzo Maiorca que alcançou os 53 metros no ano de 1964, depois o polinésio Tetake Williams, atinge os 59 metros; esta marca seria ultrapassada por outro grande nome da apneia, o francês Jacques Mayol, nascido em Shangai, que alcançou os 60,358 metros em 1965. Nos anos seguintes, o americano Robert Crof conseguiria chegar aos 64,616 metros, e chegaria os 73,150 metros, no entanto a maior disputa verificava-se entre, Jacques Mayol e Enzo Maiorca.
Mayol seria o primeiro a alcançar os 100 metros, em Novembro de 1976, se bem que Maiorca chegaria muito perto dessa marca; Mayol conseguiu atingir os 106 metros em 1983. Mayol viria a pôr termo à vida em Dezembro de 2001 pensa-se que por sofrer de solidão.
Não poderia deixar de falar de outros dois grandes mergulhadores apneistas, o Cubano Francisco Ferreras, Pìpin e o Italiano Umberto Pelizzari.
Pìpin, transformou se no mais exigente praticante de freediving, ou mergulho livre, chegando à impressionante marca de 170 metros. Umberto Pelizzari é hoje considerado o expoente máximo da apneia desportiva da actualidade, Pelizzari bateu todos os limites de profundidade e de permanência debaixo de água, é sem duvida um grande mestre de mergulho livre.
Não podia passar sem falar de nós portugueses. Não falarei de muitos, não por desconsideração, mas porque decidi apenas falar dos que são ou foram as minhas referências, enquanto praticante, desde muito novo de caça submarina e mergulho livre. Com os meus 15 anos (1973) tinha como referencia o grande António Bessone Bastos, o Vítor Cruz, o José Valente Garcia, o David Fernandes, homens que muito contribuíram para o desenvolvimento da caça submarina e das actividades subaquáticas em Portugal. Não nos podemos esquecer que nesse tempo o desenvolvimento da apneia estava inegavelmente ligado aos praticantes da caça submarina, mais recentemente vejo ainda como grande caçador o António Pacheco, com os seus mergulhos por terras de Africa, Moçambique, Cabo Verde ou aqui mais perto nos Açores e na Madeira, e o António Silva, que em Portugal se sagrou campeão de caça submarina por varia vezes, mas também com excelentes prestações no estrangeiro. Outros bons caçadores haverá, mas da caça submarina falarei noutra oportunidade.
A 25 de Junho de 2004 ao largo da ilha do Faial, Açores, três atletas portugueses conseguiram realizar à primeira tentativa, 3 mergulhos recorde: Francisco Gautier é o primeiro Português a atingir a profundidade de 100 metros em apneia em No Limits, Simone Martins atinge com sucesso os 37 metros em Peso Constante e Paulo Nóbrega atinge os 40 metros em Imersão Livre. Os atletas Portugueses estão no bom caminho, espero que outros jovens em breve se juntem aos nossos actuais Conquistadores do Azul.
04 De Fevereiro de 2005
António Lemos