Ao ler esta carta não poderia deixar de publica-la no Mar Revolto.
Entendo esta carta como o exemplo do grito de revolta de muito jovens e menos jovens que estão a ser empurrados para fora do país por politicas recessivas adoptadas por um “governo” neoliberal, apoiado por um “presidente” da Republica neoliberal, e por uma “maioria” PSD, CDS neoliberal, responsáveis pelos mais de um milhão e duzentos mil desempregados (1 200 000), dos quais grande parte jovens altamente qualificados.
O meu apelo a todos os jovens e a todo o povo de Portugal é que lutem com todas as armas que tem na mão, a palavra e a união é a força da nossa razão!
A resistência a luta nas escolas/faculdades, nas empresas e na rua é fundamental para que rapidamente possamos acabar com este sistema politico, dominado pela corrupção, pelo despotismo, pela arrogância e abraçar de novo os ideais de Abril.
HOJE LUTAMOS PARA DEFENDER A LIBERDADE, A DEMOCRACIA E A NOSSA INDEPENDÊNCIA POLÍTICA E ECONÓMICA!
António Lemos
“Mais uma que deixa o país – carta aberta”
Exmo. Sr. Presidente da República,
Começo hoje o meu caminho de saída. Saio do meu país levando comigo os meus trinta anos, os meus sonhos, a minha força e vontade de trabalhar. Saio do meu país escorraçada por uma economia podre e corrupta; por políticas sujas e elitistas; por políticos que há mais de trinta anos governam as suas vidas ao invés de governar o país. Onde o senhor se inclui, Sr. Presidente da República.
Começo hoje o meu caminho de saída. E deixo para trás um país que premeia o trabalho com pedidos de sacrifícios, o esforço de uns com a opulência descarada da vida de outros, os sonhos com frustração e desespero. Deixo um país a lutar pelo futuro e levo comigo a mágoa de não ficar para a luta. Mas a minha vida já esperou de mais; o meu filho de dois anos já esperou demais, já deve demais. Viver neste país tem sido uma teimosia que, para mim, termina agora.
Não sei se volto. Farei parte da grandiosa diáspora que V/ Ex.ª se farta de elogiar e louvar em folclóricos eventos, de gente que foi escorraçada do seu país? Serei um dos brilhantes cérebros em que os país investiu e que, estupidamente, mandou embora? Serei um dos repetidos exemplos daqueles que só depois de deixar o país alcançam o respeito do mesmo país que os ignorou enquanto lutavam por ele? Serei uma pessoa, mais uma, uma cabeça e um corpo a lutar num país que não é o seu? Isso, de certeza.
Deixo o meu país e sei que vou encontrar oportunidades novas e novos desafios. Mas não vo-lo agradeço. E dispenso os discursos paternalistas de que “há males que vêm por bem”, de que devo receber com entusiasmo as dificuldades da minha vida porque elas escondem oportunidades imperdíveis. Dispenso esse discurso porque o meu país me retirou a possibilidade de escolha. Dispenso o seu paternalismo. A sua pena. O seu desprezo pela classe a que pertenço. Dispenso os seus discursos, os seus silêncios, as suas palavras, as suas reservas em contribuir para a governação de um país onde é Presidente da República. Dispenso-o.
Ainda assim, dirijo-me a si, porque, contra a minha concordância e o meu voto, é o Presidente da República do meu país. E tem responsabilidades, E devia pagar pela culpa que tem no estado a que as coisas chegaram. E como não paga, tem, ao menos, de me ouvir.
Começo hoje o meu caminho de saída. De si, Sr. Presidente da República que se dispensa de o ser, dispenso tudo. De si e de todos aqueles que, neste momento, encaminham o meu país para o abismo.
Ana Isabel Oliveira
11 de Fevereiro de 2013, por Nuno Manuel Costa – Site, As Minhas Leituras: http://www.leituras.eu/?p=1106#YpWRHo0u8diQqeeH.01
Publicado no Mar Revolto por António Lemos
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