Otelo Saraiva de Carvalho disse na passada quarta-feira dia 9 de Novembro, em entrevista á Lusa que existem neste momento condições mais favoráveis para os militares derrubarem o governo do que em 25 de Abril de 1974, dando a entender que essa seria uma possibilidade se os militares assim entendessem.
As palavras de Otelo Saraiva de Carvalho valem o que valem, no entanto a palavra Revolução não tem que meter medo, ao longo da história as revoluções foram acontecendo, e mudaram a história normalmente para melhor. Caíram impérios e formaram-se outros, caíram sistemas económicos e sociais e formaram-se outros, caíram ditaduras e formaram-se outras, nasceram democracias e morreram outras, muitas guerras foram autênticas revoluções pela forma abrupta como mudaram económica e socialmente países e até continentes, isto é incontestável. Hoje estamos perante um mundo onde o caos começa a imperar, de uma forma descontrolada, estamos num mundo onde a ordem económica e social se começa a desmoronar, estamos á beira de um cataclismo social até mesmo de um cataclismo ambiental. Estudiosos e especialistas nestas matérias vaticinam já a possibilidade de acontecer uma terceira guerra mundial. Na realidade o descontentamento cresce, a juventude que até há poucos anos nos parecia apática começa agora a despertar para os males do mundo, da sociedade em geral as perspectivas de futuro afiguram-se muito difíceis, os estados com os seus sistemas económicos e sociais não encontram respostas. Hoje a exploração do homem pelo homem está implantada umas vezes de forma clara outras de forma dissimulada. Assistimos ao escandaloso aumento da pobreza e da fome, não só nos continentes e países mais pobres mas com grande ênfase em continentes como o Europeu e o Americano, em países ricos como os EUA, a Alemanha, a Inglaterra, a França, a Itália, a pobreza e a degradação social é galopante, fruto da ferocidade do sistema capitalista e neoliberal que tem dominado nos últimos 30 anos. A contestação é já frequente, embora ainda não assistamos a muitas manifestações violentas, elas estão acumulando pressão como vulcões que a qualquer momento podem entrar em erupção, a exemplo, posso referir o passado dia 15 de Outubro em Roma onde a violência tomou proporções bastante consideráveis para os padrões europeus.
Em Portugal assistimos á degradação diária da sociedade fruto do agravamento constante da situação económica dos portugueses principalmente da classe média e das classes mais desfavorecidas. O empobrecimento da classe media considerada o sustentáculo económico do país é galopante, os sucessivos governos de cariz neoliberal reféns dos grandes grupos económicos nacionais e estrangeiros, reféns das directrizes da EU, por sua vez ela mesma refém do eixo franco-alemão que claramente são os únicos senhores absolutos a dispor dos destinos da Europa, não conseguem travar o agravamento da situação económica e social. Pergunta-se então, estamos perante uma inevitabilidade, temos mesmo que deixar de existir como país soberano e entregar o nosso destino aos grades senhores do capital Europeu e Mundial, (BCE, FMI)?
Todos os dias e a toda a hora a comunicação social, nas mãos de lobbies políticos e económicos ligados ao grande capital, bombardeia os portugueses com a necessidade de fazer sacrifícios, que mais não são do que a perda de direitos sociais, e a degradação da vida económica e social de cada português, fazendo crer que este é o único caminho, tomam-se resoluções sem consultar o povo, suspendendo-se claramente a democracia, tudo a pretexto da crise e do perigo da banca rota. A Constituição da Republica é ignorada, de acordo com conhecidos juristas da nossa praça pública, são muitas as leis que hoje violam claramente a constituição, chegando mesmo a afirmar que o tribunal constitucional funciona hoje como um órgão político, “que se limita a produzir conteúdos de ordem política e não de defesa da constituição.” A fome instala-se, são cada vez mais os portugueses que recorrem á caridade para poder sobreviver, o Estado demitiu-se do seu dever de proteger os cidadãos, não podia ser de outra forma se é esse mesmo Estado o responsável pela desgraça desta sociedade, dominada pelo capitalismo que tudo pode, transformando o povo em meros escravos, para quem se limitam a lançar umas migalhas, (não vão eles perder as forças e deixarem de trabalhar para os seus senhores). A história ensina-nos que o povo tem a força necessária para mudar o que está mal, ao longo dos tempos o povo português tomou muitas vezes o seu destino nas suas mãos, mudou o sistema, conquistou liberdade, derrubou ditaduras. Na entrevista que Otelo Saraiva de Carvalho deu á Lusa e que referi no inicio deste artigo diz a dada altura, referindo-se á Revolução de 25 de Abril de 1974, “Estabelecemos com o povo português um compromisso muito forte que era o de criar condições para um acesso a nível cultural, social e económico de um povo que tinha vivido 48 anos debaixo de ditadura”, e acrescentou, “Assumimos esse compromisso, não o cumprimos e não o estamos a cumprir porque entregámos o poder a uma classe política que, desde o 25 de Abril, tem vindo a piorar”, afirmou. Otelo considera mesmo que à medida que o tempo corre, tem-se registado “um retrocesso enorme”.
Não poderia estar mais de acordo, tantos foram os direitos retirados ao povo português, pelos sucessivos governos neoliberais tanta é a subserviência desses políticos ao grande capital nacional e estrangeiro, a quem venderam e continuam a vender o que resta da nossa soberania, que hoje faria todo o sentido um novo 25 de Abril.
Não temos de ter medo da palavra revolução esta é uma opção que cabe ao povo, e se o povo assim o entender ela acontecerá mais cedo ou mais tarde, o povo não tem medo da revolução para os que estiveram atentos nos últimos dias e se recordam quem foi chamado pelos jornalistas a opinar sobre a entrevista de Otelo Saraiva de Carvalho percebem de imediato quem tem medo da REVOLUÇÃO quem tem medo da vontade do povo. Antonio Lemos
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