A última foto da Margarida em Fevereiro de 2017
A Margarida Partiu, a dor é Incomensurável
A Margarida como eu a tratava quando conversava com ela, a Maggie como todos a tratávamos, uma menina linda que retiramos da rua há cerca de três anos.
Conheci a Margarida na rua onde tratamos a nossa colonia, todos os dias quando ia repor ração, água e ver os meus meninos e meninas, passava por uma menina, normalmente deitada junto a um menino preto (hoje é o nosso Camões), que não se aproximava da colonia. Aos poucos começamos a oferecer-lhe uma latinha de comida húmida, primeiro a medo lá ia comendo, depois aos poucos começou a permitir mais aproximação, um dia apareceu junto ao abrigo onde colocamos a ração, a partir dai a empatia foi crescendo não só para comigo como também para com a Cristina e a Joana.
A Margarida parecia uma menina frágil, coxeava de uma das pernas traseiras, o que lhe dava um andar engraçado, pois abanava a cauda que normalmente trazia sempre levantada, mais parecendo uma antena, mas de frágil não tinha nada, quando chegava junto dos outros gatinhos era respeitada, poucos se atreviam a chegar muito perto.
Decisão tomada, a Margarida ia fazer parte da família. Não me recordo da data em que aconteceu talvez a Joana ou a Cristina saibam com precisão.
Recolhida com recurso a uma transportadora, passagem breve pelo veterinário, a Margarida chegou á nossa casa que passou a ser a casa dela e conheceu as novas irmãs a Kitty e a Satine, o Camões e o Blakie, chegariam mais tarde.
A adaptação da Margarida foi fácil, alguns medos iniciais, mas passados alguns dias já permitia festinhas já fazia ronrons dava beijinhos e gostava de morder com meiguice os nossos dedos.
Depressa se revelou um doce, um amor de menina, a todos dava encostinhos e marradinhas, de todos queria festinhas, dedicando uns miminhos especiais á Joana ou seja á mana “velha”, a Margaria acrescentou alegria e felicidade á família que agora também era a dela.
A Margarida tinha, (e tem), a sua caminha noturna, entre a minha almofada e a almofada da Cristina, dormia muitas vezes junto às nossas cabeças mesmo quando a mana “velha” estava em casa normalmente pelas 4 da manhã a Margarida lá passava por cima de mim ou encostada á minha cabeça, para se aninhar entre as nossas almofadas.
A Margarida foi sempre uma menina muito especial, fazia umas caras engraçadas, por vezes olhava para nós com uma expressão pateta, mas de pateta a Margarida não tinha nada, sistematizava tudo o que mais gostava, a hora da papinha mole, os ronrons matinais na casa de banho ou os ronrons da nossa chegada a casa, os pedidos de colinho quando nos sentávamos no sofá da sala, a sua caminha junto á lareira, de onde obrigava qualquer um a sair quando chegava.
A Margarida nunca foi uma menina com problemas graves de saúde, teve algumas vezes de ir ao veterinário, foi tratada a problemas oftalmológicos no hospital, mas na maioria das vezes os médicos atribuíam os problemas de saúde á idade, uma vez que não havendo certezas, a idade atribuída á margarida pelos veterinários seria entre os 10 e os 12 anos.
No dia 26 de Fevereiro de 2017 saímos para trabalhar pelas 7 horas da manhã, a Margarida, cumpriu todas as rotinas matinais, comeu a papinha mole da manhã, comeu alguma comida rija que está sempre disponível e dirigiu-se para o nosso quarto, não nos lembramos se ficou na casa de banho ou se ficou na nossa cama, dissemos até logo e saímos.
A Cristina regressou a casa pelas 12h, quando entrou deparou com a Margarida em convulsões no hall dos quartos, em pânico telefonou-me cheguei em 15 minutos transportamos a Margarida para as urgências do Hospital da Faculdade de Medicina Veterinária em Monsanto.
A Margarida foi assistida de imediato, depois de paradas as convoluções, disseram-nos que a Margarida teria de ficar internada, assim que acordasse seria avaliada, assim foi, declaramos que tudo, mas mesmo tudo teria de ser feito para salvar a Margarida.
A equipa médica manteve-se sempre em contacto connosco, no primeiro contacto percebemos a gravidade da situação, todos os exames possíveis tinham sido efectuados, a situação clinica da Margarida era muito grave.
No dia 28 visitamos a margarida pelas 14h nos cuidados intensivos, a Margarida tinha acordado do coma induzido, mas não respondia como era esperado, o coração da Margarida batia, a Margarida respirava e pouco mais.
Durante a visita falei ao ouvido da Margarida, disse-lhe que a amava, que ela tinha de viver, dei-lhe muitos beijinhos, não sei se ouviu ou se sentiu, se sentiu ou ouviu ficou a saber que o pai estava ali que não estava sozinha. Constatar este estado em que a Margarida se encontrava, foi devastador, foi a maior dor da minha vida.
Pedi á médica que naquele momento estava encarregue de vigiar a Margarida, para tudo fazerem, garantiu que tudo seria feito, explicando todos os procedimentos que se iriam seguir.
Tanto eu como a Joana saímos do hospital devastados, a esperança estava a morrer.
Às 20h o telefone tocou, a chamada que não queríamos atender aconteceu, a medicina nada mais podia fazer pela Margarida, a menina estava em sofrimento e nada mais havia a fazer, o conselho dos médicos era que devíamos deixar a Margarida partir.
Às 21 h estávamos no hospital para nos despedirmos do meu amor, da minha menina, a dor é Incomensurável, a Margarida partiu, não partiu sozinha estivemos com ela até ao ultimo suspiro, a Margarida vai viver eternamente nos nossos corações.
No dia 2 de Março, de 2017, a Margarida foi cremada na ASFA em Cascais, às 16.30h a nossa menina já tinha regressado a casa.
Se existe um céu dos gatinhos é para lá que eu quero ir quando partir, assim poderei pegar de novo ao colo a minha Margarida dar-lhe muitos beijinhos e sei que ela vai retribuir com muitos ronrons.
A minha Margarida, a nossa Meggie vive em nós.
Antonio de Lemos
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