Este espaço destina-se à divulgação de Noticias, Ideias e Pensamentos e ao debate de temas relacionados com o Ambiente, o Mar, a Politica, a Cidadania, o Turismo, a Sociedade e a Cultura em geral.
Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2004
"Creoula" o meu Navio
"Creoula O meu Navio"
O "Creoula" é um lugre de quatro mastros, construído no início de 1937 nos estaleiros da CUF para a Parceria Geral das Pescarias. Foi lançado à água no dia 10 de Maio e efectuou ainda nesse ano a sua primeira campanha de pesca ao bacalhau. Um número a reter é o facto de o navio ter sido construído no tempo recorde de 62 dias úteis. Efectuaria a sua última campanha de pesca em 1973. O "Creoula" efectuou 37 campanhas até 1973 e chegou a pescar cerca de 36 toneladas de bacalhau num só dia o que dá uma média de 660 kg por cada pescador. Em 1979, o "Creoula" foi adquirido por compra à Parceria Geral de Pescarias pela Secretaria de Estado das Pescas, com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, com a finalidade de nele ser instalado um museu de pesca. Na primeira docagem levada a efeito, verificou-se que o seu casco se encontrava em óptimas condições, tendo então sido deliberado que o navio se manteria a navegar (tornando-se uma Unidade Auxiliar da Marinha, U.A.M.) e seria transformado em Navio de Treino de Mar (NTM) para apoio na formação de pescadores e possibilitar a vivência de jovens com o mar. Para tal, a zona de meio navio, onde ficava o porão de peixe, foi redimensionada e aproveitada para as cobertas de instruendos, camarotes e câmara de sargentos, refeitório das praças e instruendos, casas de banho e estação tratadora de esgotos. Em 1992 o navio sofreu algumas alterações na zona de meio navio, de que se destaca o aproveitamento duma das cobertas de 9 instruendos em benefício de um espaço que funciona como biblioteca e sala de aulas. Como Navio de Treino de Mar o "Creoula" teve um período de grande actividade entre 1993 e 1996, com a realização de grandes expedições ao norte da Europa e ao Mediterrâneo bem como a participação em regatas internacionais. Depois desse período, o "Creoula" tem efectuado expedições (viagens) mais ou menos regulares, com grupos de jovens (e menos jovens), associações culturais e desportivas, escolas secundárias, escolas profissionais, câmaras municipais, associações ambientalistas, etc. das quais destaco: Em 1995, a Expedição Lisboa - Madeira - Canárias - Porto Santo - Lisboa, organizada pelo Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, de 05 a 22 de Julho de 1995; Em 1999, a Expedição Lisboa - Porto Santo - Madeira - Ilhas Desertas - Lisboa, organizada pelo Centro de Estudos da Avifauna Ibérica (C.E.A.I.), de 06 a 18 de Outubro de 1999. Estas duas viagens contaram com a participação do meu filho Tiago Lemos. Em 2003 o Oceanário de Lisboa e a National Geographic organizaram uma expedição aos Açores, que teria início a 12 de Julho de 2003 e terminaria a 1 de Agosto de 2003 e tinha como objectivo a observação de cetáceos no seu habitat natural, bem como possibilitar a aquisição de alguns conhecimentos sobre navegação oceânica. Tive o prazer de participar nesta expedição acompanhado pelo meu filho Tiago que completaria assim o seu 3º embarque a bordo do N.T.M. «Creoula». Partimos no dia 12 de Julho do Parque das Nações em Lisboa e fizemos escala no Ilhéu de Vila Franca do Campo (São Miguel), em Ponta Delgada (São Miguel) e na Horta (Faial), onde se efectuou a troca de tripulações no dia 22 de Julho, tendo a 1ªtripulação regressado a Lisboa de avião. Em 2004, foi a vez da minha filha Joana Lemos participar na sua 1ª expedição a bordo do "Creoula". Esta viagem foi ás Ilhas Berlengas e teve como objectivo a observação da fauna e da flora bem como de toda a envolvente marítima daquela ilha. Esta viagem foi organizada pelo Oceanário de Lisboa e teve a duração de 3 dias, de 28 a 30 de Maio de 2004, tendo nela participado maioritariamente jovens adolescentes de 14, 15 anos. Assim se desenvolveu a paixão da família Lemos por aquele que consideramos ser o mais belo veleiro de Portugal e sem duvida um dos mais bonitos da "white fleet" mundial! A minha participação na expedição aos Açores ficou marcada não só pelo prazer de navegar, pela beleza das ilhas daquele Arquipélago, pela alegria de nadar com os golfinhos e observar de perto as Baleias Piloto, mas também pela enorme camaradagem desenvolvida a bordo entre o nosso grupo de instruendos e a guarnição do navio. Jamais esquecerei o Karaoke no refeitório, o festival de cantigas no convés, as baladas tocadas pelo nosso Comandante, o pão quente ás 4 da manhã, ou as noitadas no Peter´s Café. Também não esquecerei as horas que passei como adjunto do oficial de quarto com o nosso Tenente Baganha (actualmente é o imediato do "Creoula"), as aulas de ginástica do Tenente Madeira, as aulas de origamis da Mafalda (bióloga do Oceanário), as aulas sobre protecção solar do Dr. Croca (Oficial -Médico da Marinha), as aulas do nosso Sargento Mestre sobre a arte de marinheiro (feitura dos nós) e ainda os petiscos do Cabo Cochicho (o nosso cozinheiro). E como me poderia esquecer, do cabo Ferreira, do cabo Santos, do cabo Rodrigues e do marinheiro Pereira meu companheiro de vigia, e de todos os outros bons camaradas de viagem do Creoula. O "Creoula " é inesquecível para todos os que nele têm o prazer de navegar! O mar já fazia parte da minha vida, mas depois de ter participado nesta expedição aos Açores, também este extraordinário navio ficou a fazer parte da minha vida.
Espero voltar a navegar no "Creoula", voltar a embarcar e ouvir a sereia do navio anunciar a partida, ouvir no ETO o apito de ordem da faina geral de mastros, desfraldar as velas e partir rumo ao oceano, rumo à aventura! António Lemos
Sexta-feira, 10 de Dezembro de 2004
Falar de Genuíno Madruga
Genuíno Madruga é só aquele que considero ser o último dos grandes Heróis
do Mar, deste nosso país de marinheiros.
Genuíno Madruga a viver na ilha do Faial, é um "Filho do Mar" açoriano
nascido na ilha do Pico, pescador desde muito novo. Em 1975 conheceu o navegador
solitário Marcel Bardiaux,, o 1º navegador a passar o cabo Horn de leste para
oeste, este grande aventureiro dos mares, que entre outras façanhas completou
quatro voltas ao mundo.
Este encontro terá despertado em Genuíno Madruga a vontade de também ele
fazer uma volta ao mundo em solitário, mas foi em 1998 quando do seu ultimo
encontro com Marcel Bardiaux, que a decisão terá sido tomada tendo contado
com o total apoio da sua esposa que viria a falecer alguns anos antes da sua
partida.
Em Novembro de 1999 Genuíno Madruga adquiriu na Alemanha um veleiro com pouco
mais de 11metros e 14, 45 Toneladas, a que deu o nome de "Hemingway" em
homenagem a Ernest Hemingway e à sua obra " O Velho e o Mar" galardoado
com o prémio Nobel da Literatura. O veleiro viria a ser apetrechado de acordo
com as necessidades para a realização de tão grande aventura.
Genuíno Madruga viria a iniciar a sua viagem partindo do porto do Faial no dia
28 de Outubro de 2000, dando início à concretização de um sonho de muitos
anos: circum-navegar o planeta a bordo de um veleiro.
Nos longos meses que passou no mar, Genuíno Madruga conviveu com a sua grandeza e a sua imensidão, enfrentou tempestades e calmarias, pescou atuns com
mais de 60 kg, enfrentou dificuldades burocráticas (próprias da América do
Sul) para passar o canal do Panamá. Assinalou a passagem do Equador tomando
uma bebida da ilha do Pico, perdeu o mastro a caminho da ilha Rodrigues e das
ilhas Maurícias e no dia 28 de Outubro de 2001 completou um ano de viagem e
20 095 milhas percorridas tendo tocado 35 portos.
A 01 Fevereiro de 2002 Genuíno Madruga cruzou o Cabo da Boa Esperança e a 10
de Abril de 2002, concretizou o seu sonho ao terminar a sua viagem de
circum-navegação do planeta a bordo de um veleiro, o "Hemingway", tendo
percorrido 26 760 milhas em 13 meses e 21 dias.
A experiência e a prudência de Genuíno Madruga cingindo a navegação aos
aspectos meteorológicos, levaram a que a viagem tivesse corrido sem grandes
sobressaltos.
Termino com as palavras proferidas por este grande Herói do Mar Português
aquando da sua chegada ao porto do Faial: "Sonhem, definam objectivos,
acreditem que são capazes, sacrifiquem-se, trabalhem muito e só assim serão
capazes de concretizar aquilo com que sonharam".
Os pormenores desta Viagem estão disponíveis no Site: www.genuinomadruga.com
António Lemos
Quinta-feira, 9 de Dezembro de 2004
Conservação do Património Submerso
Uma escavação arqueológica em meio húmido implica sempre a exposição dos artefactos recuperados a um ambiente para o qual já não estão preparados. Este material terá, após algumas centenas de anos imerso, atingido uma situação de estabilidade no seu meio ambiente o que leva a que, num espaço de tempo relativamente curto, esta estabilidade seja alterada, iniciando-se um novo ciclo de deterioração. Assim sendo, quando o objecto for recuperado, este deverá ser fotografado e medido imediatamente para que se não percam informações vitais durante os processos de conservação e restauro.
A maior parte dos objectos recuperados está encerrada numa película mineral dura de concreção que, apesar de deformar o objecto e de esconder o que verdadeiramente se encerra no seu interior, produz um ambiente estável e impede a continuação do processo de corrosão iniciado pela acção do oxigénio dissolvido na água. Geralmente, as concreções provenientes de naufrágios são uma mistura de fragmentos de madeira, de materiais metálicos, de vidro, cerâmica e outros materiais, tudo embebido numa matriz de produtos de corrosão, sedimentos e alguns seres vivos marinhos. Estas concreções podem formar-se por processos físicos - através do crescimento de organismos na superfície do objecto; físico-químicos - pela dissolução e re-precipitação de carbonatos; bioquímicos - através da baixa de acidez devido a variadas acções microbiológicas; ou electroquímicos - em que a interacção de metais de natureza diferente leva à corrosão acelerada do metal mais dúctil. Todas as concreções deverão ser radiografadas de modo a que se possam identificar quer a natureza dos objectos nelas encerrados quer o seu grau de conservação, de maneira a que se possam adoptar medidas de conservação ainda antes da abertura da superfície concrecionada.
A dessalinização. A remoção dos sais minerais provenientes da água salgada é uma das partes mais importantes no processo de conservação dos objectos retirados do mar, especialmente quando o seu material constituinte for o vidro, a cerâmica ou a pedra. O método mais utilizado consiste na imersão destes objectos em água salgada, água esta que, progressivamente, vai sendo cada vez mais diluída com água destilada até que o nível de cloretos em meio aquoso seja considerado desprezável. Este tratamento pode ter uma duração superior a um ano, mas é fundamental que se realize para que o objecto a conservar perca todos os sais capazes de acelerar o seu processo de corrosão. A identificação da natureza dos objectos recuperados é o próximo passo. Entre os materiais passíveis de serem encontrados num naufrágio, encontram-se os materiais de origem orgânica - madeira, couros, marfim, osso, etc. - e os materiais de origem não orgânica - metais, cerâmica, vidro, etc.
Metais. O ferro fundido é o material constituinte da maior parte dos canhões e âncoras retirados do fundo do mar.
Após a sua retirada do ambiente marinho, estas peças desintegrar-se-ão rapidamente se não forem imediatamente conservadas em água, pelo facto do seu processo típico de deterioração formar um núcleo metálico fragilizado, cuja coesão é apenas assegurada por uma frágil cobertura de produtos de corrosão grafitizados. A exposição ao ar vai acelerar brutalmente o processo corrosivo na zona de contacto entre a camada grafitizada e o núcleo metálico, o que conduz a um processo exotérmico de libertação de energia que, por vezes, faz com que as peças venham a desintegrar-se violentamente.
Por outro lado, o ferro forjado tem um teor de carbono muito mais baixo do que o apresentado pelo ferro fundido o que leva a que a característica malha de grafite, típica dos objectos de ferro fundido, não se forme. Se a peça não for dessalinizada, o processo corrosivo continua à superfície e o núcleo metálico acabará por desaparecer no interior de uma camada rígida de concreção o que leva a que não se retenham as formas ou as inscrições originais da peça. Tanto para o ferro forjado como para o ferro fundido, a presença de cloretos acelera o processo de corrosão o que obriga a que, para a sua remoção, as peças devam ser imersas numa solução de água doce a 2% de soda cáustica. Após a remoção total dos cloretos, a peça é tratada electrolíticamente.
As ligas de cobre - tais como o bronze e o latão - são menos afectadas pela acção nefasta dos seres marinhos visto que o cobre é tóxico para a maioria dos seres vivos o que leva a que os objectos feitos à base deste metal estejam menos concrecionados do que os seus congéneres de ferro. O processo corrosivo destes metais leva a que se dê uma mineralização da liga metálica o que origina camadas frágeis de produtos de corrosão. Se a peça for retirada sem a conveniente dessalinização, os cloretos presentes na trama metálica ocasionam a destruição do metal, num processo conhecido pelo nome de doença do bronze. Para que tal não aconteça, o objecto deverá ser imerso numa solução de benzotriazol a 1%. O chumbo e o estanho não necessitam de tantos cuidados na conservação visto que a mera imersão em água doce da peça é o suficiente para que o objecto se mantenha estável. O ouro e a prata são os metais menos passíveis de sofrerem corrosão marinha, embora a prata, quando impura, possa vir a ocasionar ligeiras concreções superficiais.
Cerâmica, vidro e pedra entende-se como cerâmica o material que foi feito à base de barro e cozido a altas temperaturas. Um dos problemas de conservação deste tipo de material é a profusão de organismos vivos que cresce geralmente na sua superfície. O outro problema são os cristais de sais minerais que, ao se desenvolver por debaixo da camada exterior da peça, levam a que a cobertura se rompa e se destaque da mesma.
Como conclusão, não se deve permitir que as peças sequem de uma forma descontrolada. Estas breves considerações permitiram-nos ver que os processos de corrosão que se originam em situações de naufrágio são ainda mal compreendidos pela ciência o que leva a que o número de especialistas nesta área seja ainda muito reduzido.
Texto retirado do Site Mar-alto
Segunda-feira, 6 de Dezembro de 2004
Participar no Mar Revolto
A todos os cidadãos e amigos que queiram participar neste espaço de debate.
Este espaço destina-se à divulgação de Noticias, Ideias e Pensamentos e à divulgação das minhas opiniões, sobre qualquer tema que considere ser importante para ser debatido ou divulgado aos cidadãos deste nosso pequeno país mas grande Portugal. Podem ser debatidos temas relacionados com o Mar, a Politica, a Cidadania, o Turismo e sobre a Sociedade em geral.
Qualquer amigo ou cidadão pode enviar artigos sobre estes temas para o E-mail: marrevolto@sapo.pt que serão divulgados depois de devidamente apreciados e desde que se considere de utilidade a sua divulgação.
Todos os comentários que contenham palavreado impróprio ou ofendam qualquer cidadão serão rapidamente apagados. António Lemos
Programa do XVI Governo Constitucional
8. ASSUNTOS DO MAR
A nomeação de um Secretário de Estado dos Assuntos do Mar, na dependência do Ministro de Estado e sem intromissão orgânica na esfera da Defesa Nacional, mas beneficiando das óbvias sinergias que a proximidade das duas tutelas proporciona, constitui uma aposta estratégica do XVI Governo Constitucional.
A aposta nos Assuntos do Mar representa uma ideia de país, uma estratégia de futuro e uma oportunidade com valências tão diferentes como as que se perspectivam numa visão integrada e multidisciplinar do potencial estratégico representado pela condição marítima e oceânica de Portugal. O cumprimento deste programa implica um elevado sentido de cooperação e coordenação entre vários departamentos governamentais.
O Mar significou, na História de Portugal, uma condição de liberdade e independência. O Mar deve, também, significar no Portugal de futuro, uma extraordinária oportunidade de criação de riqueza.
O Mar significa, por outro lado, um desafio permanente, seja no plano do relacionamento internacional de Portugal, é o caso das Nações Unidas e da União Europeia -, seja no plano da revitalização das capacidades nacionais para garantir a segurança da nossa costa.
Enfim, o Mar representa uma oportunidade para gerar postos de trabalho, fortalecer sectores industriais, promover o desenvolvimento científico, articular uma nova competitividade das políticas de tráfego marítimo e infra-estruturas portuárias e, em geral, dotar o Estado Português das normas e instituições que clarifiquem as responsabilidades nos domínios directa ou indirectamente relacionados com o Mar.
Como pano de fundo da aposta no Mar, o Governo apreciará o trabalho muito positivo da Comissão Estratégica dos Oceanos, densificado no respectivo relatório e conclusões já entregues ao Primeiro Ministro e a merecer reflexão e despacho prioritários.
As prioridades estabelecidas no âmbito dos Assuntos do Mar são, nos próximos dois anos, as seguintes:
- Promover a apreciação em Conselho de Ministros do relatório e conclusões apresentadas pela Comissão Estratégica dos Oceanos;
- Promover o reforço da discussão pública e do debate político sobre as grandes questões oceânicas e marítimas que interessam a Portugal, tanto no plano da defesa do interesse nacional como no plano da articulação das políticas mais correctas para o sector no âmbito das organizações internacionais de que fazemos parte;
- Assumir como necessário e útil para a articulação das políticas do Mar a definição do melhor modelo orgânico para dar representação técnica qualificada e integrada às políticas públicas do sector;
- Contribuir com as acções necessárias para uma representação externa qualificada e coordenada de Portugal em todos os fora multilaterais sobre Oceanos e Mares, nomeadamente no âmbito das agências das Nações Unidas e da União Europeia, bem como no das organizações intergovernamentais de âmbito global, regional e sub-regional relevantes;
- Dar prioridade à revitalização, recuperação, modernização e internacionalização das capacidades industriais de Portugal no sector da Construção Naval, articulando com uma política de estaleiros com especial atenção para os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e para o potencial económico que deriva da Lei de Programação Militar, dos planos de modernização da Marinha e, ainda, o aproveitamento coerente das demais capacidades industriais existentes em Portugal neste sector;
- Assegurar a cooperação reforçada e absolutamente necessária entre a Autoridade Marítima Nacional, a administração marítima e as autoridades portuárias;
- Desenvolver uma política legislativa, executiva e administrativa orientada para o reforço e valorização da segurança marítima, procurando o funcionamento coordenado das diversas instituições do Estado com responsabilidades nesta área e valorizando as sinergias resultantes da instalação em Portugal da Agência Europeia de Segurança Marítima;
- Agilizar a aprovação de diplomas e instrumentos no domínio da segurança marítima, entre os quais se destacam a definição de áreas Marítimas Nacionais; a criação da zona contígua; o novo regime legal do registo patrimonial marítimo; o regulamento do Conselho Coordenador Nacional do Sistema da Autoridade Marítima; o regime geral da remoção de destroços; o reforço do regime legal dos ilícitos de poluição marítima e a densificação, na legislação portuguesa, dos crimes ecológicas no mar;
- Conceder atenção redobrada à questão do ISPS Code e os objectivos de Portugal no que toca à vigilância e fiscalização marítimas, seus meios e instrumentos;
- Cumprir de forma atempada e competente os compromissos de Portugal no quadro da Agência Europeia de Segurança Marítima;
- Dar novo impulso a uma concepção economicamente competitiva institucionalmente coordenada e efectivamente descentralizadora do modelo de administração portuária;
- Apoiar o desenvolvimento da investigação científica, tecnológica e da formação em áreas relativas ao oceano;
- Apoiar a constituição do dossier português para a extensão da plataforma continental.
Domingo, 5 de Dezembro de 2004
Falar de um livro
Levantado do Chão de José Saramago
Falar de um livro escrito por José Saramago, premio Nobel da Literatura não é fácil, não vou falar de Jangada de Pedra nem de O Homem Duplicado, vou falar de um livro escrito em 1980 por esse grande escritor português e que tem como titulo Levantado do Chão.
Não vou fazer um resumo desse livro, muito menos tecer qualquer critica ou emitir qualquer opinião literária, vou antes dizer o que penso sobre o que li.
Saramago como é sabido, é um homem de esquerda, de fortes convicções, militante do Partido Comunista Português. Neste livro Levantado do Chão, Saramago relata com grande pormenor a vida no Alentejo durante o anterior regime (regime fascista), uma terra dominada pelos grandes latifundiários que agiam como senhores feudais e escravizavam as populações alentejanas. Saramago dá nesse livro uma visão de exploração e opressão a que estavam sujeitas as gentes alentejanas, a facilidade com que os grandes senhores usavam a força, quer a sua própria força quer das autoridades, nomeadamente a força da G.N.R. e da PIDE/DGS contra camponeses indefesos, esfomeados, doentes, mal nutridos e feridos na sua dignidade de seres humanos, revela-nos ainda como, a própria Igreja Católica virava as costas e muitas vezes colaborava com a exploração e com a violência exercida contra essas populações e contrariando assim os princípios mais básicos do Cristianismo.
Sobre esse livro Saramago disse um escritor é um homem como os outros; sonha. E o meu sonho foi poder dizer deste livro quando o terminasse, isto é o Alentejo.
Felizmente, hoje este Alentejo já não existe, tal como Saramago também retrata neste livro o feudalismo, o latifúndio, a opressão, a exploração desta gente terminou com a chegada da revolução do 25 de Abril de 1974.
Quando escreveu este livro, José Saramago também disse que sonhava, sonhava que do chão se podia levantar um livro, uma espiga de trigo, uma flor brava, uma ave ou uma bandeira, mas eu acrescento que também os homens se levantaram do chão e conquistaram a liberdade.
António Lemos
Sexta-feira, 3 de Dezembro de 2004
Carta ao Sr, Presidente da Republica
Exmo. Senhor Presidente da Republica Portuguesa
Excelência
Na qualidade de cidadão deste nosso Portugal e também na qualidade de praticante de diversos desportos náuticos, nomeadamente, vela, pesca de alto mar, mergulho e caça submarina, apelo a V.Exe. para que na qualidade de Presidente de todos os Portugueses interfira junto dos responsáveis governamentais alertando para o escândalo que é a falta de meios de busca e salvamento no mar ao longo da costa de Portugal.
Revolta-me e entristece-me sempre que vejo na comunicação social notícias da morte de pescadores, quer sejam eles profissionais ou desportivos.
Ouvimos sempre as mesmas queixas, não foram socorridos a tempo por falta de meios, não foram socorridos por falta de coordenação das entidades competentes, enfim, morrem no mar porque não há quem os socorra.
Numa época em que se fala tanto na compra de equipamento para modernizar o exército, a força aérea e a marinha, em que se gastam milhões para modernizar edifícios governamentais, em que se pagam reformas astronómicas a gestores de empresas nomeados pelo governo, não há um ministro que se lembre que quem anda no mar necessita de segurança, necessita de meios de salvamento adequados, que possam garantir o socorro quando for necessário.
Portugal precisa de meios de salvamento adequados para socorrer pescadores desportivos e profissionais, precisa de salva-vidas capazes de sair quer de noite quer de dia, precisa de helicópteros devidamente equipados para busca e salvamento durante a noite, precisa de uma entidade que organize e coordene os meios de salvamento em toda a costa de dia e de noite!
Senhor Presidente estas palavras não são mais que um grito de revolta e um apelo de alguém que diariamente anda no mar e que observa o esforço e até o sofrimento de muitos que diariamente tiram o seu sustento do mar, pagando os seus impostos, mas que no entanto, se sentem diariamente desprezados, completamente abandonados pelas entidades que tinham a obrigação de zelar pela sua segurança.
Atenciosamente
António Luís Ribeiro de Lemos