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Terça-feira, 29 de Novembro de 2022
Os povos querem a paz. O Parlamento Europeu instiga à confrontação e à guerra.

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Os povos querem a paz. O Parlamento Europeu instiga à confrontação e à guerra.

A resolução do Parlamento Europeu, denominada “Reconhecimento da Federação Russa como um Estado patrocinador do terrorismo”, integra-se na política de confrontação e guerra que tem vindo a ser promovida na Europa, visando o seu agravamento e prolongamento.

Uma resolução que, alinhando com o Senado e a Câmara de Representantes dos EUA e a Assembleia Parlamentar da NATO, entre outras entidades: instiga à continuação da guerra; visa obstaculizar, ou mesmo impossibilitar, o necessário diálogo com vista à resolução pacífica do conflito; e anima o prosseguimento da política de confrontação, cerco e isolamento da Rússia, dificultando possíveis entendimentos entre as partes e o apaziguamento e normalização das relações no plano internacional.

O Parlamento Europeu procura, assim, seguir os passos dos EUA que proclamam, à margem das Nações Unidas e do direito internacional, ditos “estados patrocinadores do terrorismo”, como o fez a administração norte-americana, presidida por Donald Trump, relativamente a Cuba, em 12 de Janeiro de 2021. Recorde-se ainda que os EUA mantiveram até 2008 na sua dita “lista de terroristas” o ex-Presidente da África do Sul, Nelson Mandela. Exemplos que atestam da ilegitimidade, carácter instrumental e hipocrisia de tais ditas “listas”.

Aliás, é significativo que, no seu cínico afã, o Parlamento Europeu feche os olhos à ilegal ocupação de territórios da Palestina e à opressão do povo palestiniano por parte de Israel, à guerra no Iémen, às guerras dos EUA, da NATO e dos seus aliados contra a Jugoslávia, o Iraque, o Afeganistão, a Líbia ou a Síria, e o seu rol de morte, sofrimento, destruição e milhões de deslocados e refugiados.

Entre outros aspectos profundamente negativos da resolução, saliente-se o intuito de atribuir um pretenso e ilegal carácter extraterritorial à política de confrontação e guerra, que o Parlamento Europeu procura fomentar, ao solicitar à Comissão e aos Estados-Membros que considerem possíveis medidas contra países terceiros que tenham uma posição própria sobre o relacionamento com a Rússia e as sanções impostas pela UE, apelando abertamente e de forma inaceitável à pressão e chantagem sobre estes países.

Saliente-se ainda o intuito do Parlamento Europeu de impor um pensamento único quanto ao conflito na Ucrânia – às suas causas, responsáveis e caminhos que se exigem –, assim como de reescrever a história, promovendo o anti-sovietismo e branqueando o fascismo.

A instigação da guerra, a deriva militarista, a espiral de sanções impostas pelos EUA, a União Europeia e a NATO estão a provocar uma séria deterioração da situação económica e social, com a desenfreada especulação, o vertiginoso aumento dos preços da energia, dos alimentos e de outros bens de primeira necessidade.

Conscientes dos sérios perigos que esta política comporta para os povos da Europa e do mundo, os deputados do PCP no Parlamento Europeu reafirmam que é urgente que os EUA, a NATO e a União Europeia cessem de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia e que se abram vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente a Federação Russa, visando alcançar uma solução política, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.

É necessário defender o diálogo com vista à paz, olhando às causas do conflito, e não instigar e alimentar uma escalada de consequências imprevisíveis, para o que esta resolução, e o caminho que aponta, contribui. Deputados do PCP no Parlamento Europeu

Editado e publicado por António de Lemos



publicado por António Lemos às 14:15
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Terça-feira, 20 de Abril de 2021
A PESCA E A PRESERVAÇÃO DA VIDA NO MAR.

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A PESCA E A PRESERVAÇÃO DA VIDA NO MAR.

“A pesca é, na natureza, a maior recolha do mundo, o que significa que, se agirmos bem ela pode continuar, porque existe um interesse mútuo: quanto mais saudável for e mais biodiversidade tiver o habitat marinho, mais peixe haverá e mais haverá para comer.” Uma Vida no Nosso Planeta, de David Attenborough.

É essencial, é urgente recuperar a natureza nos mares.

Até hoje, a pesca profissional e industrial tem sido factor de destruição da vida e da natureza nos oceanos em geral. Pescamos demais em muitos locais do mar, usamos sistemas de pesca predatórios e destruidores dos habitats marinhos. Tomemos como exemplo a pesca de arrasto, este sistema de pesca para além de capturar quantidades maciças de animais marinhos, provoca autênticos terremotos nos fundos marinhos ao revolver, poder-se-á mesmo dizer, lavrar os fundos marinhos, destruindo posturas, habitats, destruído a vida. Depois de embarcadas as redes de arrasto, na maior parte das vezes, são devolvidos ao mar centenas ou milhares de peixes mortos ou moribundos, um desperdício que em muito contribui para a delapidação dos recursos marinhos.

Poderia falar de outros exemplos como palangres, (aparelhos de anzois), estendidos ao longo da costa ou em alto mar, que podem atingir vários quilómetros, alcatruzes de plástico essencialmente dirigidos para a captura do polvo, que só pela sua confecção em plástico, já são nocivos para o ambiente marinho e sendo que a maioria das capturas são fêmeas, que os utilizam para porem os seus ovos, a sua utilização é extremamente nefasta.

A recuperação das espécies devido à actividade predatória só é possível se criarmos zonas de protecção, ou seja, locais onde a pesca profissional e lúdica seja interdita, ao faze-lo estamos a permitir que os peixes, moluscos, crustáceos, bivalves, cresçam em idade e em tamanho, reproduzindo-se mais vezes, acabando por povoar também as áreas não interditas.

É sabido que as comunidades piscatórias locais, bem como as grandes empresas da pesca industrial e da transformação de pescado, são normalmente resistentes e adversas à criação de áreas marinhas protegidas, (AMP), mas não há outro caminho.

Em Portugal, muitas são as zonas da nossa costa onde hoje os homens e as mulheres que vivem da pesca lamentam a falta de peixe, de polvo, bem como de espécies marinhas que quase desapareceram. Os mariscadores da nossa costa lamentam não só a falta de marisco, como o tamanho. Há locais da nossa costa onde a abundancia do percebe diminuiu drasticamente, em quantidade e em tamanho, locais onde há trinta anos atrás, eu mergulhava para apanhar mexilhão do tamanho da minha mão, hoje quase não existem ou o tamanho passou a ser o do meu polegar.

Eu, em 42 anos de mar, pesca, caça submarina, mergulho, fui assistindo à depredação de muitas zonas da nossa costa. Nos anos 70, 80 e 90, pescadores lúdicos e pescadores profissionais pescavam como se os recursos marinhos fossem infinitos, valia a quantidade muitas vezes em detrimento da qualidade.  

Dir-me-ão alguns que tal não se deve só à pesca predatória, ou à apanha predatória de marisco, mas também à poluição, sim é verdade que a poluição é um factor de destruição da vida no mar, também é verdade que hoje estamos mais despertos para o factor poluição, não tanto para o factor recursos finitos. Hoje quando chegamos à banca do peixe num qualquer mercado, não queremos saber da forma como foi pescado o peixe de mar que pretendemos comprar, ou seja, se o sistema de captura, as artes de pesca utilizadas mataram centenas de peixes ou quantos habitats marinhos destruíram para que possamos comprar a bela garoupa que nos é apresentada. Esta é a diferença entre factor poluição e factor recursos finitos.

Sou defensor da criação de AMP em quantidade em todos os Mares e em todos os Oceanos.

Sou defensor da criação de AMP ao longo da costa portuguesa e em particular na costa de Cascais e Sintra.

Em Portugal existem 83 AMP de acordo com dados da DGRM, considero serem precisas algumas mais, em Cascais existe uma AMP, a ZIBA, Zona de Interesse Biofísico das Avencas, não chega.

Sou defensor da criação de 2 AMP no mar de Cascais, uma no Guincho, mais propriamente no Cabo Raso e outra a partir da Praia do Abano, prolongando-se ao longo das arribas até à Ponta do Rebolo.

Quando defendo a criação das AMP no Cabo Raso e no Abano, não o faço baseando-me em qualquer análise científica, limito-me à minha análise empírica, tendo em conta os quarenta anos que por lá naveguei, pesquei e mergulhei, conseguindo assim um apreciável conhecimento da abundancia de fauna e flora, e do seu declínio ao longo dos anos, tendo concluído que principalmente a zona marinha envolvente do Cabo Raso está sobre grande pressão de actividades predatórias, como a pesca excessiva ou a apanha de marisco e moluscos durante as marés de maior amplitude que urge travar.

Entendo que para travar as actividades predatórias como as que refiro, pesca excessiva e apanha de marisco muitas vezes efectuada de forma ilegal, são necessárias mais AMP o que praticamente não custa dinheiro, é uma questão de vontade política.

“A VIDA COMEÇOU NO MAR” Hans Hass

“SEM MAR NÃO HÁ VIDA” António de Lemos

António de Lemos

Cascais, 20-04-2021

Fotografia de António de Lemos



publicado por António Lemos às 19:46
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Terça-feira, 19 de Janeiro de 2021
João Ferreira, DECLARAÇÃO DE CANDIDATURA

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DECLARAÇÃO DE CANDIDATURA

I

Num mundo onde se tenha acabado a esperança, como o retratou Saramago no seu “Ensaio sobre a cegueira”, deixamos de olhar para o futuro, deixamos de o ver. “A cegueira também é isto”, dizia. Recordando Castrim, “esperança: é a maneira como o futuro fala ao nosso ouvido”. Num tempo em que tantos não veem nem ouvem o futuro falar-lhes ao ouvido, mais necessário se torna saber organizar e abrir esse futuro. Transformar inquietação em luta, converter o desassossego em confiança. Confiança num futuro construído à medida dos sonhos e projectos a que temos direito e de que não queremos desistir. De que não vamos desistir.

A candidatura que assumo, e hoje aqui apresento, a Presidente da República é e será um espaço de luta comum – da juventude, dos trabalhadores, do povo. É minha e é vossa. É nossa. Assumo-a com honra, com determinação, com a consciência da responsabilidade e do dever. É uma candidatura a um órgão de soberania unipessoal, apoiada num grande, generoso e combativo colectivo, o Partido Comunista Português. O meu Partido, a quem agradeço a confiança demonstrada.

Nesta eleição dirijo-me a todos e a cada um, independentemente das escolhas eleitorais que fizeram no passado. A todos apelo:

Aos que vivem do seu trabalho, e que sentem que, com o seu empenhado esforço, poderiam viver melhor, se fosse outra, mais justa, a repartição da riqueza que criam.

Às mulheres, penalizadas por múltiplas desigualdades, discriminações e violências, no trabalho, na família e na sociedade.

Aos jovens, que não abdicam do direito a serem felizes.

Aos reformados e idosos, que aspiram a uma vivência gratificante no plano pessoal e social depois de uma vida de trabalho.

Esta candidatura apela à força que há em todos, em cada um de nós. Assumam-na como vossa. Confiem-lhe, mais do que o vosso apoio, a vossa energia criadora, transformadora. Façamos desta candidatura parte da luta pela mudança que desejamos para as nossas vidas, da mudança que Portugal precisa.

II

Em Portugal e no mundo, vivemos um tempo invulgar, complexo e exigente.

A irrupção da Covid-19, além de nos confrontar com questões novas, agravou consideravelmente velhos problemas.

Os efeitos da pandemia são inseparáveis da formação socioeconómica em que se produzem. No capitalismo, que tudo mercantiliza, incluindo a saúde e a doença, milhões de seres humanos são empurrados para uma situação de vulnerabilidade extrema.

As dificuldades são instrumentalizadas para atacar direitos e impor retrocessos. Aí temos, em tantos lados, o crescimento do desemprego a ser usado como chantagem para aumentar a exploração, a precariedade laboral, o ataque aos salários, a desregulação dos horários, o incremento dos ritmos e a degradação das condições de trabalho, o aumento da idade de reforma, o desinvestimento nos serviços públicos.

O medo é exacerbado e manipulado para restringir direitos e liberdades. A pretexto do combate ao vírus e da garantia de uma alegada “segurança”, impuseram-nos estados de emergência que nada tinham a ver com a observância de normas que a população já cumpria (e continuou a cumprir depois de abandonados), mas que visavam restringir o protesto e a luta, contra os abusos, os aproveitamentos, o oportunismo dos que querem continuar a enriquecer à custa da exploração dos trabalhadores e do saque dos recursos do Estado.

A crise aumenta a violência do sistema. Instigam-se divisões e conflitos no seio da população, voltando trabalhadores contra trabalhadores, cidadãos contra cidadãos. O racismo, a xenofobia, a extrema-direita e o fascismo são normalizados e mesmo abertamente promovidos, a partir de alguns dos principais centros de poder económico e seus prolongamentos políticos e mediáticos.

A forma dominante de organização da economia e da sociedade confronta-se com os limites dos recursos do Planeta, agride a Natureza e ameaça os equilíbrios ecológicos.

III

Portugal carrega sérios problemas estruturais, consequência de décadas de política de direita, que a situação actual expõe com grande nitidez.

É a desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, dos seus salários e dos seus direitos.

São as acentuadas desigualdades na distribuição da riqueza, em particular na distribuição do rendimento nacional entre capital e trabalho.

É a prolongada fragilização dos sectores produtivos nacionais; os persistentes défices alimentar, energético, tecnológico e demográfico; o desaproveitamento de amplas potencialidades e recursos do País.

É o continuado desinvestimento nas funções sociais do Estado, em confronto aberto com a Constituição que as determina. A falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde e o desvio de recursos públicos para sustentar os grupos económicos privados que lucram com a doença; a falta de investimento na escola pública, em todos os graus de ensino, que é tão visível neste regresso às aulas marcado por compreensíveis preocupações.

É a desvalorização da cultura, da ciência, das artes, do património, do conhecimento e do saber no desenvolvimento integral do ser humano e da sociedade.

São os crescentes desequilíbrios territoriais, o abandono à sua sorte de extensas regiões do País e das populações que resistem e insistem em habitá-las e lhes dar vida.

É a promiscuidade entre o poder político e o poder económico, que alimenta a corrupção e coloca os instrumentos do poder político ao serviço de uma minoria privilegiada.

São os problemas da justiça, a desvalorização da segurança dos cidadãos e a perversão da missão constitucional das Forças Armadas.

É a submissão do País a políticas e decisões da União Europeia contrárias ao interesse nacional, determinadas pelos interesses das principais potências europeias, agravando desigualdades e assimetrias, promovendo a divergência, em lugar da prometida convergência, económica e social.

IV

Vivemos, há demasiado tempo, num conflito entre o carácter progressista e avançado do regime democrático constitucionalmente consagrado e a acção deliberada de sucessivos governos com vista à sua amputação e desfiguramento. Perante a cumplicidade dos que, nas mais altas funções do Estado, juraram defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição; na verdade violando, tantas vezes de forma ostensiva, esse juramento.

O problema não é, nunca foi, esse carácter progressista e avançado do regime democrático que emergiu da Revolução de Abril. O problema é, e tem sido sempre, a acção e omissão de governos e Presidentes da República, incluindo os actuais, convergindo no bloqueio da plena concretização do projecto vertido no texto constitucional.

Um projecto que considera inseparáveis as vertentes política, económica, social e cultural da democracia, aliadas aos desígnios da soberania e independência nacionais.

Um projecto que inscreve os direitos dos trabalhadores como intrínsecos à democracia; que reconhece às mulheres o direito à igualdade no trabalho, na família e na sociedade; que consagra importantes direitos das crianças e dos jovens, dos reformados, dos cidadãos com deficiência; que proíbe as discriminações, as exclusões e combate as injustiças sociais; que reclama para os milhões dos nossos emigrantes, bem como as centenas de milhar de imigrantes no nosso País, o acolhimento e a dignidade devida a todo o ser humano. Que consagra o direito de resistência à ofensa dos direitos, das liberdades e das garantias dos cidadãos; que protege o exercício da actividade sindical e política, o activismo social.

Um projecto que preconiza a subordinação do poder económico ao poder político.

É este projecto que urge defender e concretizar!

Esta minha e vossa – esta nossa – candidatura assume, sem rodeios, esse objectivo fundamental. Defender, aprofundar e ampliar o regime democrático consagrado na Constituição. Fortalecer as suas raízes na sociedade portuguesa.

Esta é uma questão central do tempo que vivemos. Também por isto a próxima eleição do Presidente da República se reveste de óbvia importância.

É notório que o actual Presidente da República está empenhado numa rearrumação de forças políticas, assente no branqueamento da política de direita e dos seus executores, promovendo a sua reabilitação, na forma da chamada política de “bloco central”, formal ou informalmente assumida, que marcou o País nas últimas décadas.

Um Presidente da República verdadeiramente comprometido com o juramento que faz – de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição – não pode deixar, no âmbito das suas competências e responsabilidades, de mobilizar o povo português na construção de um outro caminho de desenvolvimento.

Um Presidente da República verdadeiramente comprometido com o juramento que faz está necessariamente comprometido com os interesses dos trabalhadores, das mulheres, dos jovens, dos reformados e idosos, das pessoas com deficiência, dos discriminados, dos desprotegidos, dos pequenos e médios empresários, dos pequenos produtores. Em suma, comprometido com os interesses do povo e não com os interesses dos grandes grupos económicos e financeiros que têm determinado, nos aspectos estruturais, o rumo do País.

Não há diversões mediáticas que iludam as escolhas feitas, neste domínio, pelo actual Presidente.

V

Esta candidatura que assumo afirma, sem hesitações, que há um outro rumo e uma outra política capazes de responder aos problemas do País.

Uma afirmação alicerçada na certeza de que o nosso povo tem a força bastante para encetar esse novo caminho. Esta candidatura é também uma manifestação de confiança no povo português. Confiança na mobilização de energias e vontades de quantos aspiram e acreditam que é possível uma vida melhor e mais justa. Podem encontrar nesta candidatura um espaço de convergência.

Aqui, cada um acrescentará força à força que se ergue em defesa da valorização do trabalho e dos trabalhadores.

O direito ao trabalho; o pleno emprego; o emprego com direitos; o aumento dos salários, particularmente do Salário Mínimo Nacional; a formação e valorização profissional, técnica e cultural dos trabalhadores; a prestação do trabalho em condições de higiene e segurança; o direito ao repouso e ao lazer – não podem ser apenas palavras inscritas nas páginas da Constituição, têm de ser realidade concreta na vida dos trabalhadores, acompanhar o desenvolvimento das forças produtivas, do custo de vida, dos padrões recomendados de bem-estar social.

Aqui, nesta candidatura, cada um acrescentará força à força que se ergue em defesa do direito à saúde; à habitação; à educação; à cultura.

A garantia de acesso de todos os cidadãos aos cuidados de saúde, independentemente da sua condição económica; a protecção específica da infância, da juventude e da velhice, dos cidadãos com deficiência; o direito de acesso à habitação e a existência de rendas compatíveis com o rendimento das famílias; a democratização do ensino e a igualdade de oportunidades no acesso e êxito escolar; a democratização da cultura e o acesso de todos à fruição e criação cultural, a defesa do património cultural – não podem ser apenas palavras inscritas nas páginas da Constituição, nem privilégio de uma minoria, tem de ser realidade concreta na vida de todos os portugueses.

Aqui, cada um acrescentará força à força que se ergue na luta pela igualdade, contra todas as discriminações, num País que acolhe, aberto ao mundo.

Ninguém deve ser beneficiado ou prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão do sexo, da cor de pele, da religião, das convicções políticas, da situação económica, da condição social ou da orientação sexual. A igualdade não pode ser apenas uma palavra inscrita nas páginas da Constituição, tem de ser realidade vivida no dia a dia de todos, todos os dias.

Aqui, cada um acrescentará força à força que se ergue em defesa do desenvolvimento económico do País, garante da efectivação dos direitos e do bem-estar social.

A coesão de todo o território nacional, com a eliminação progressiva das desigualdades económicas e sociais; a plena utilização das forças produtivas e a propriedade pública de meios de produção, de acordo com o interesse colectivo; o aumento da produção agrícola e industrial; o estímulo ao associativismo e à propriedade cooperativa e comunitária; o reforço da inovação científica e tecnológica – não podem ser apenas palavras inscritas nas páginas da Constituição, tem de ser a realidade concreta no País.

Aqui, cada um acrescentará força à força que se ergue em defesa do ambiente, da protecção dos ecossistemas e da biodiversidade.

A prevenção e controlo da poluição, em todas as suas formas, com especial atenção sobre as implicações nas alterações climáticas; o aproveitamento racional dos recursos naturais, salvaguardando a sua capacidade de renovação – não podem ser apenas palavras nas páginas da Constituição, têm de ser uma realidade no nosso País.

Aqui, cada um acrescentará força à força que se ergue em defesa do regime democrático, de uma administração e serviços públicos eficientes próximos das populações, de uma justiça desburocratizada e acessível ao serviço do povo, do combate decidido à corrupção.

Aqui, cada um acrescentará força à força que se ergue em defesa da soberania e independência nacionais, que rejeita a submissão do País a imposições contrárias aos seus interesses, que pugna pela solução pacífica dos conflitos internacionais e pela cooperação com todos os povos para a emancipação e o progresso da Humanidade, conforme preconiza a Constituição da República Portuguesa.

VI

O Presidente da República não é governo. Mas pode e deve actuar, no quadro das funções que lhe estão atribuídas, usando os seus poderes para impulsionar um sentido de mudança, de desenvolvimento, de progresso e justiça social, no curso da vida nacional.

O Presidente da República não se pode resignar perante um País com o futuro comprometido e sem esperança. Não se pode resignar perante o desaproveitamento das enormes potencialidades existentes no País, desde logo na sua população, também no seu território terrestre e marítimo. Portugal pode ser mais desenvolvido, mais justo e soberano.

Esta candidatura apresenta e protagoniza uma alternativa para o exercício das funções de Presidente da República. Tal como uma parte grande da população portuguesa, nasci depois de 1974. Tal não impediu que o impulso de Abril e a actualidade dos seus valores se projectasse em todas as lutas que travei, em todas as frentes em que intervenho. Esta candidatura projecta os valores de Abril no presente e no futuro de Portugal.

O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas. É, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas.

Quando se refere o Presidente da República, retêm-se em geral os importantes poderes que lhe permitem demitir o governo e dissolver a Assembleia da República. Mas esta é apenas uma parte das competências que lhe estão atribuídas.

Do direito de veto de legislação ao recurso ao Tribunal Constitucional para apreciação da constitucionalidade de leis; do direito de enviar mensagens à Assembleia da República e da sua convocação extraordinária, ao peso das suas tomadas de posição públicas, os vastos poderes do Presidente da República podem e devem ser usados para impulsionar soluções para os problemas que o povo e o País enfrentam.

Isso exige, desde logo, conhecer esses problemas. Exige uma genuína ligação à vida e não uma falsa empatia que se esboroa quando os assuntos são tão sérios como a dificuldade de se viver com os baixos salários, pensões, reformas e prestações sociais. Exige a vontade e a determinação inabaláveis de libertar a vida nacional da dominação dos grandes grupos económicos e financeiros, que sufocam a democracia e o desenvolvimento.

VII

Sim, vivemos um tempo invulgar, exigente e complexo.

E é perante as dificuldades certas que importa saber com quem podemos contar.

Nesta candidatura, não procuramos o conforto da ambiguidade. Não procuramos navegar ao sabor do vento, para onde quer que sopre. Se os ventos são agrestes – e são agrestes por vezes os ventos da História – sabemos que temos de os enfrentar. Esta é a candidatura inspirada nos que já mostraram que não se escondem, que não desertam, que não se rendem. Inspirada nos que não ficam à espera quando os trabalhadores e o povo são atacados nos seus direitos. Nos que enfrentam a resignação e o medo, real ou imaginário. São os que lutam, até às últimas consequências, pela liberdade e pela democracia. Os que acreditam e afirmam que a actual geração não tem de se habituar a viver pior do que a geração que a antecedeu. Não é esse o sentido geral da História. Acertemos então o passo com a marcha da História. Com coragem, com audácia, com determinação!

Fixemos no presente e no futuro de Portugal os valores de Abril e o seu horizonte de fraternidade, liberdade, igualdade e esperança!

Declaração de Candidatura do Candidato João Ferreira às eleições presidências de Portugal a realizar no dia 24 de Janeiro de 2021.

Publicado no Mar Revolto Por: António de Lemos



publicado por António Lemos às 15:02
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Quinta-feira, 29 de Outubro de 2020
O Legado da Kitty

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O Legado da Kitty

A Kitty Partiu, a minha menina, a minha amiga, a minha companheira, a minha paixão, o meu amor incondicional, deixou-nos às 21h30 do dia 22 de Outubro de 2020.

Foi em 2008 que tudo começou, quando a fui buscar era ainda bébé, entrou na minha, nas nossas vidas e mudou as nossas vidas. Foi a kitty que fez da nossa família uma família de gatos, uma família mais atenta e preocupada com a vida e o bem-estar dos animais, em particular dos gatos.

A Kitty escolheu-me para pai, amigo, companheiro desde os primeiros dias era comigo mais propriamente em cima de mim que dormia, era principalmente o meu colo que procurava, aprendeu rápido a abrir portas que empurrava para entrar e puxava para si com a patinha para sair, era dotada de uma inteligência fora do comum, era brincalhona, alegre, linda.

Aos dois anos teve uma irmã, passou a conviver com a gatinha Satine e a partir daí foram chegando mais irmãos. Em 2020 chegámos a ter 8 gatinhos em casa, meninos e meninas, os nossos bébés. A Kitty era a gatinha mais pequenina, mas era a líder respeitada por todos e algumas vezes temida.

Tudo começou na Kitty, a inspiração, a vontade de proteger aqueles seres maravilhosos que são os gatos, as colónias onde alimentámos, tratámos, esterilizámos, castrámos e promovemos a adoção de muitos gatinhos. A Kitty é a verdadeira responsável por mudar a vida de todos os gatinhos que salvámos da rua.

A Kitty partiu fisicamente, não partiu a memória da felicidade, da alegria, do amor que nos dedicou e que lhe dedicámos, não partiu o seu legado que é imenso. A família da Kitty jamais a esquecerá, ela vive no coração de todos nós.

Valeu a pena, foram 12 anos de amor incondicional, hoje o que resta fisicamente da Kitty está na minha mesa-de-cabeceira, o amor incondicional pela minha menina viverá em mim até ao fim da minha vida.

Antonio de Lemos

PS: até hoje fizeram parte da família 10 gatinhos, três já partiram. Das colónias que tratámos, apoiados pela Associação São Francisco de Assis, foram esterilizados e castrados muitos gatinhos, foram adoptados alguns mas não os que seria necessário.

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Publicado por : António de Lemos

Fotografia: António de Lemos

Maiorga, 29 de Outubro de 2020

 



publicado por António Lemos às 13:32
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Terça-feira, 7 de Abril de 2020
Em Estado de Emergência, que medidas.

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Em Estado de Emergência, que medidas.

Declarado o EE, a 18 de Março de 2020, e renovado a 3 de Abril de 2020, estou convicto que medidas de prevenção, medidas de controlo e medidas de contenção são essenciais para um combate eficaz à epidemia provocada pelo vírus COVID-19 que assola o nosso país, a pandemia que assola o mundo.

Hoje precisamos de respostas rápidas das autoridades de saúde para a implementação de medidas que salvem vidas.

Precisamos das medidas que a Direcção Geral de Saúde identifique como necessárias para parar, prevenir e conter a disseminação do COVID-19.

Precisamos de medidas de protecção, nomeadamente equipamentos para todos os que na linha da frente, hospitais, centros de saúde, mulheres e homens, enfermeiros, médicos, auxiliares, bombeiros, forças de segurança, arriscam a vida todos os dias para tratar e salvar tantos milhares de infectados.

Precisamos de medidas de protecção daqueles que integram grupos sociais mais vulneráveis ou em situação de risco, cidadãos com doenças cronicas, idosos, cidadãos sem abrigo e outros.

Precisamos de medidas que reforcem o Serviço Nacional de Saúde que tem vindo a ser depauperado pelos sucessivos governos PS, PSD, CDS, ao longo de anos. Hoje são notórias as fragilidades do SNS devido à falta de equipamentos, de instalações hospitalares de médicos e enfermeiros.

Para além de medidas de proteção e contenção, precisamos de apoio económico urgente às famílias, aos trabalhadores, às micro, pequenas e médias empresas, estas últimas, que como todos muito bem sabemos, são a grande maioria do tecido empresarial português, cabe ao governo legislar nesse sentido.

É urgente que se crie legislação que permita a manutenção de rendimento aos trabalhadores independentes/recibos verdes, de forma a que possam suprir as suas necessidades diárias, ou seja, sobreviver.

É urgente que as famílias tenham liquidez suficiente para fazer face às despesas, que considero de sobrevivência, alimentação, saúde, e habitação e ainda a criação por parte da banca de moratórias, para créditos á habitação e ao consumo, sem “multa” e sem juros de mora, dando a possibilidade às famílias de se reerguerem, depois de terminadas as medidas restritivas decorrentes do estado de emergência.

É urgente que aos cidadãos que se encontram inscritos no IEFP, impossibilitados de conseguir emprego nos próximos meses, e que não auferem qualquer retribuição da segurança social, seja garantido o pagamento mensal de um salario mínimo nacional.

É urgente o apoio financeiro a famílias que não tem possibilidades de ir trabalhar devido ao encerramento de creches e escolas, têm de ficar em casa a tomar conta dos filhos.

É necessário que o governo implemente medidas de apoio económico e financeiro às micro e pequenas empresas, garantindo liquidez, para fazerem face às despesas correntes, nomeadamente, salários e pagamento a fornecedores.

É conhecida a minha posição de alguma relutância relativamente à implementação do Estado de Emergência, considero que a grande maioria das medidas, nomeadamente as restrições à circulação, imposta pelo governo, eram possíveis de implementação com a declaração do Estado de Calamidade. No entanto, o Estado de Emergência foi declarado, obedecendo a todas as formalidades legais decorrentes da Constituição da Republica Portuguesa, pelo que entendo ser meu dever cumprir e apelar ao seu cumprimento a todos os cidadãos que se encontram no território nacional.

A declaração de Estado de Emergência, pressupõe a possibilidade do governo tomar medidas legais que restrinjam ou suspendam direitos e liberdades garantidas dos cidadãos, como algumas que foram tomadas, nomeadamente, confinamento na habitação, restrição à liberdade de circulação, suspensão do direito à greve e de direitos sindicais, suspensão do direito de manifestação e outros, e isso aconteceu.

Mas, numa situação eminente de catástrofe de saúde pública, devido à epidemia viral do COVID-19, que seguramente vai resultar numa grave calamidade económica e social, o governo não avança com medidas que considero absolutamente necessárias.

Seria necessário que o governo proibisse os despedimentos arbitrários de milhares de trabalhadores sem qualquer fundamentação legal.

Seria também de esperar que o governo implementasse medidas de apoio à produção nacional, nomeadamente, à produção agroalimentar. Determinasse o controlo público das fábricas de equipamento de protecção individual e segurança, de forma a que toda a produção fosse dirigida em primeiro lugar para os profissionais de saúde, bombeiros, forças de segurança e lares de idosos. Determinasse o controlo público da indústria farmacêutica, a requisição de todos os hospitais privados, e a requisição de todas as clinicas privadas.

Seria necessário que o governo, ordenasse à ACT inspecção imediata dos hipermercados e supermercados, verificando o chocante incumprimento de regras de higiene, segurança e saúde, nomeadamente a falta de protecção individual a que estão expostos os trabalhadores, arriscando a sua saúde e mesmo a sua vida.

Seria ainda necessário que o governo entrasse nos lares de idosos, muitos deles de qualidade duvidosa, decretasse quarentena em todos eles e efectuasse testes de despistagem ao COVID-19 a todos os utentes e funcionários, implementado de seguida as medidas sanitárias necessárias.

É necessário, é imperioso, que o governo decrete o uso obrigatório de mascaras de protecção para toda a população, seguindo as opiniões de vários especialistas nacionais e estrangeiros.

Para todas as medidas que considero necessárias, o governo tem poder para as implementar e ou obrigar à sua implementação, tem principalmente, o poder que lhe confere a declaração do Estado de Emergência, que não pode servir só para restringir direitos e liberdades.

António de Lemos

Maiorga 7 de Abril de 2020

Fotografia: https://www.labourstart.org/covid-19?langcode=pt

 

 



publicado por António Lemos às 20:35
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Quinta-feira, 19 de Dezembro de 2019
Defender o Rio Sado contra o capitalismo predador!

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Defender o Rio Sado contra o capitalismo predador!

O estuário do rio Sado é um berço de vida marinha, é um dos poucos locais em Portugal onde existem prados submarinos, as pradarias marinhas são de estrema importância para a vida de muitas espécies como o cavalo-marinho e para a captura do carbono.

O estuário do rio Sado é local de nidificação, repouso ou invernagem para a avifauna e de desova, desenvolvimento e crescimento de muitas espécies de peixes, moluscos e crustáceos. É a casa de mamíferos como o roaz corvineiro (golfinhos), é por isso mesmo uma reserva natural e um dos sítios da rede natura 2000.

O estuário do rio Sado é também local onde proliferam muitos achados arqueológicos e é por isso, detentor de vasto património subaquático, que as dragagens vão destruir. A isto chamamos crime contra o património histórico subaquático que é de todos nós.

O aumento da utilização do Porto de Setúbal por navios de grande porte tem como consequência o aumento da poluição do mar, do estuário do rio Sado e da própria cidade de Setúbal.

Porque se pretende fazer do Porto de Setúbal um porto para navios de grande calado, quando a menos de trinta milhas, temos o Porto de Sines que sendo um porto de águas profundas, tem toda a capacidade para a acostagem de grandes navios? Responda quem sabe.

As dragagens são um atentado ambiental que urge travar, por isso os que por dinheiro e ganancia própria do capitalismo, que não olha a meios para atingir os fins, aprovaram e defendem este crime hediondo devem ser penalizados, os SETUBALENSES, os PORTUGUESES não podem esquecer este que considero o maior crime ambiental cometido nas ultimas décadas em Portugal.

Por: António de Lemos

Fotografia: Navio draga "Breydel" iniciou os trabalhos de dragagem no rio Sado a 13 de dezembro de 2019 – Foto de Rui Minderico/Lusa



publicado por António Lemos às 10:43
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Domingo, 21 de Abril de 2019
Sylvia Earle, a Rainha dos Oceanos

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Sylvia Earle, a Rainha dos Oceanos

Sylvia Earle é uma oceanógrafa, exploradora Rolex da National Geographic, cientista norte-americana e, acima de tudo, apaixonada pelos Oceanos. Quarta-feira, 29 Agosto

Foi uma das oradoras do National Geographic Summit 2018, em Lisboa. Foi a primeira mulher a andar no fundo do Oceano a mais de 300 metros de profundidade. Em 1998 foi nomeada pela revista Time a “Heroína do Planeta”. Viveu no Oceano. Escreveu mais de 150 publicações, ganhou o prémio TED, tem mais de sete mil horas em 65 anos de mergulho. Teve a honra de apresentar a Barack Obama uma espécie de peixe nomeada com o nome do antigo presidente. Fundou a SEAAlliance e a Deep Search Foundation.

Um Desejo: Salvar os Oceanos

O Prémio TED permite realizar um desejo e o de Sylvia Earle foi – salvar os oceanos. Em 50 anos retirámos 90 por cento do peixe dos oceanos. Em 50 anos mudámos a estrutura dos ecossistemas marinhos. Em 50 anos enchemos o Oceano de plástico. Nos próximos 50 anos podemos destruir muitas das espécies que vivem hoje nos Oceanos. Mas ainda há tempo. Não muito, mas algum. Ainda temos metade dos corais que existiram nos Oceanos. Ainda temos baleias azuis, tubarões, ostras e ursos polares. Nos próximos 50 anos a pesca pode ser um verbo inutilizável. Para alterar estes fenómenos, precisamos de vontade e recursos submarinos. O desejo de Sylvia Earle é que se usem “todos os meios à nossa disposição – Filmes! Expedições! A internet! Mais! – para incentivar o apoio público a uma rede global de áreas marinhas protegidas, pontos de esperança grandes o suficiente para salvar e restaurar o Oceano, o coração azul do planeta.”

Planeta Oceano

A oceanógrafa defende que a Terra se devia chamar Oceano. 97 por cento da água está no Oceano. No Oceano conseguem fazer-se coisas que não se fazem em terra. A cientista defende que os seres humanos precisam e dependem tanto do Oceano, como os golfinhos e as baleias. “O Oceano toca-nos em cada inspiração que fazemos, em cada gota de água que bebemos”, afirma. Sem Oceano não sobrevivemos.

Sylvia diz que “quanto mais se descobre sobre os Oceanos, mais se descobre o que há por descobrir.” Mas pode não haver tempo para descobrir o que há para descobrir.

A sobrepesca, a poluição e as alterações climáticas ameaçam o planeta em que vivemos e, por conseguinte, os Oceanos que nos rodeiam. Temos de agir, enquanto ainda podemos fazer a diferença e travar o desaparecimento dos ecossistemas marinhos.

O Problema Chamado Plástico

Hoje temos ilhas de plástico, ondas de plástico, correntes de microplástico. Nunca se falou tanto em plástico.

O plástico de uso único é uma novidade com poucas dezenas de anos. Quando Sylvia começou a mergulhar, o plástico não era necessário. A cientista afirma que “o plástico não é o grande problema. É problema é o que fazemos com ele.” A maioria do plástico criado hoje em dia, é criado para ser utilizado uma única vez. Isto é um problema. Um problema que se começa a falar cada vez mais, embora continue a ser produzido massivamente.

As Nossas Escolhas

Retiramos muito dos Oceanos. Muito peixe, muitas algas, muito oxigénio. E o que damos de volta? Tudo o que pomos no mar: óleo, redes de pesca, plástico, barcos, herbicidas, pesticidas. Quando vamos a um restaurante não vemos corujas ou leopardos no menu. Vemos atum, robalo, garoupa, lulas, e até baleia. Não escolhemos almoçar um elefante mas, em algumas das nossas culturas, escolhemos almoçar golfinhos. Não escolhemos ter um guaxinim num aquário, mas escolhemos ter carpas. Não escolhemos comprar brincos de panda, mas escolhemos comprar colares com dentes de tubarão. Há um custo para estas escolhas e Sylvia Earle está empenhada em fazer-nos escolher melhores opções para o Oceano.

A maior ameaça para os Oceanos é a ignorância. Sylvia Earle afirma que “para as crianças de amanhã, agora é a altura certa.” Contudo, esta é a altura certa para todos nós, habitantes do planeta Terra que, segundo a exploradora poderia ser chamado Oceano. O maior predador dos Oceanos não são os tubarões, são os humanos.

 

Leia a entrevista à exploradora em https://www.natgeo.pt/national-geographic-summit/2018/04/entrevista-sylvia-earle-convidada-do-national-geographic-summit.

https://www.natgeo.pt/ciencia/2018/08/sylvia-earle-rainha-dos-oceanos

 



publicado por António Lemos às 16:33
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Quinta-feira, 20 de Dezembro de 2018
LUTAR EM TODAS AS FRENTES... Hoje para a Ministra do Mar!

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LUTAR EM TODAS AS FRENTES... Hoje para a Ministra do Mar!

Exma. Senhora Ministra do Mar

Engª. Ana Paula Vitorino

O PERIGO DA ESFEROVITE NO MAR

Está na altura de se AGIR (em vez de se reagir) a tudo o que compromete seriamente a Sustentabilidade dos Oceanos, a esferovite é sem qualquer margem para dúvidas um dos plásticos mais poluentes e que mais ocorre em todos os Oceanos.

É pertinente e URGENTE tomarem-se medidas de maneira a reduzir drasticamente a utilização desta matéria (esferovite) no mar, principalmente na indústria pesqueira.

Portugal, terra de marinheiros, de aventureiros e pioneiros de muito o que se fez no mar e para o mar, deveria de tomar já uma posição eficaz e contundente com um impacto importante para a sustentabilidade dos Oceanos e redução da poluição marinha, uma maneira de mostrar ao mundo que está atento, preocupado e AGE… não podemos nem devemos esperar que esse impute venha de fora (tarde e a más horas).

Informo Vossa Exa. que eu Miguel Lacerda não tenho quaisquer habilitações académicas, sou um simples autodidacta que ama e vive para o mar. Muito tenho feito e contribuído para a sua divulgação, dinamização e protecção. Participei em estudos, missões e expedições científicas, quer a nível nacional, quer internacional… tenho estudos e 5 livros editados… são mais de 45 anos de uma vida intensa e assídua dedicada ao mar, quer a nível profissional, desportivo ou mesmo lúdico. Naveguei e mergulhei por todo o mundo, tenho conhecimentos suficientes para estar preocupado e manifestar o meu descontentamento pela forma leviana como se está a encarar este flagelo GLOBAL.

Estou a acabar um estudo “Lixo Marinho Litoral Oeste Sintra Cascais” efectuado entre 2014 e 2018 onde apresento resultados assustadores e comprometedores que retratam muito do que se está a passar nesta parte estratégica e muito representativa do Atlântico Norte (parte Oriental) à porta da EUROPA. Estudo este efectuado sem quaisquer apoios financeiros.

Terei a oportunidade de fazer chegar a Vossa Exa. esse mesmo estudo (logo que concluído), que irá certamente surpreender pela negativa e vem a reforçar muito do que aqui escrevi nesta missiva.

A esferovite está no topo do muito plástico que ocorre no nosso litoral (e em todos os Oceanos) é uma matéria que se desfaz com muita facilidade e rapidamente se transforma e propaga por toda a parte reduzindo-se aos microplásticos num instante… acabando por entrar na cadeia alimentar da maioria dos organismos marinhos.

Na minha modesta opinião deveria de haver por parte da EU (e dos ministérios), apoios e incentivos à indústria pesqueira para o uso de outras materiais flutuantes nas artes de pesca (acabando de vez com a esferovite). Também deveria de haver mais formação consciencialização e sensibilização junto dos pescadores para estes e outros problemas que garantidamente comprometem a própria subsistência da pesca (e o ganha pão).

Tomei conhecimento que a EU deliberou recentemente acabar com os plásticos descartáveis até 2021… mais uma decisão tomada à força, tardia e muito comprometedora para uma realidade que parece não estar clara nem ser relevante para que legisla (tendo em conta a realidade que se vive…).

Não deixarei de me manifestar, estar atento e de tudo fazer para garantir uma maior salubridade e sustentabilidade dos Oceanos, garantindo assim que os nossos filhos possam de igual modo desfrutar, usufruir e defender também aquilo que nos pertence a todos o MAR.

Aproveito para apresentar os meus melhores cumprimentos

Miguel Lacerda

https://www.facebook.com/miguel.lacerda.9/posts/2519253468104114

Publicado no Mar Revolto por : Antònio de Lemos 

 



publicado por António Lemos às 23:27
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A comunicação social, a ingenuidade política e os provérbios de sempre

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A comunicação social, a ingenuidade política e os provérbios de sempre

“O PAN quer tirar os animais dos provérbios”. Este é um dos tristes recursos do novo jornalismo, uma espécie de esquizofrenia que chama para a capa o contrário daquilo que encontramos no interior.

Rui Medeiros Alvarenga *

“First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win”. Mahatma Gandhi

Diz-se quase tudo sobre o jornalismo que se faz hoje. E tudo o que se possa dizer está amarrado a um dado indesmentível: há seguidores. E havendo público tem de haver oferta.

No início de 2011, o PAN (Pessoas-Animais-Natureza), recém-criado, ansiava por uma relevância que ainda não podia ter. Os dirigentes mais inexperientes pretendiam conquistar a mesma atenção que os partidos políticos que acumulavam quarenta anos de estrada. Cândidos, esperaram sentados que a frescura do seu manifesto político e o novíssimo paradigma de organização da sociedade, assente em grandes causas, fossem suficientes para despertar a atenção dos meios de comunicação social. Cedo perceberam que o PAN atravessaria o deserto; nenhuma notícia, nenhum gesto de reconhecimento.

Mas eis que a 5 de Junho do mesmo ano, o PAN alcançou 57.849 votos nas Eleições Legislativas e surpreendeu o País. Passou então a ter direito à subvenção do Estado, no âmbito da Lei de Financiamento dos Partidos Políticos. Levantado o véu, surgiram as caricaturas e os gracejos, o paternalismo maledicente, as analogias primárias que revelaram desconhecimento grosseiro em relação ao Partido e todo um mundo de insensibilidade e ignorância até então encoberto. Riram-se muito.

Com a eleição de um deputado para a Assembleia da República, em 2015, e o aumento da representação do partido em várias Assembleias Municipais, em 2017, os sorrisos amarelaram, e o PAN começou a ser notado. Deixou de ser uma sombra para começar a incomodar verdadeiramente. A incomodar porque o único deputado eleito do PAN promove, proporcionalmente, mais trabalho do que cada uma das restantes bancadas, porque trouxe para a agenda política matérias que nunca tinham sido discutidas, porque afrontou lóbis e interesses instituídos, porque provou que a sua acção se estendia muito para além da caricatura abjecta com que, injustamente, o caracterizavam. Rir deixou de ser o melhor remédio e começaram os ataques.

Disse o semanário Expresso na sua primeira página: “O PAN quer tirar os animais dos provérbios”. Este é um dos tristes recursos do novo jornalismo, uma espécie de esquizofrenia que chama para a capa o contrário daquilo que encontramos no interior. E ninguém resistiu.

Todas as televisões e comentadores resvalaram para um abuso interpretativo nunca visto, sem manifestarem o menor cuidado com o teor jornalístico, todos encavalitados em uma histeria colectiva, para mostrar indignação por um alegado ataque visceral do PAN aos provérbios de sempre. Se uns não surpreenderam, outros suscitaram-me verdadeiro espanto. Claro que, com um título bombástico como este, ninguém quis saber do que estava escrito na reportagem. Já não era necessário.

A agenda dos detractores ficou cheia, e logo suscitaram um coro de indignação contra um “fascismo do politicamente correcto.” Seguiram-se as televisões que, mesmo com o esclarecimento do partido, continuaram a enfatizar a colagem do PAN à iniciativa da PETA. E daí surgiram os artigos de opinião, os comentários inflamados e os post nas redes sociais, todos a expelirem, mais do que fel, insipiência intelectual.

Porém, no interior, o mesmo jornal aponta num sentido que desconstrói o próprio título: “ONG internacional quer alterar expressões anti animal”. Ora, sabendo que o PAN não é uma ONG, ficou à vista o pontapé nos princípios deontológicos que regulam a nobre actividade do jornalismo.

Daí para a frente a notícia corre na onda da contradição, mas sem constrangimentos de maior, porque continua a presentear o leitor com um dado que, aparentemente, não foi considerado no momento da construção do título: Afinal não é o PAN; é uma ONG. Essa ONG internacional é a People for the Ethical Treatment of Animals (PETA).

E em relação ao PAN, a própria notícia esclarece: “Avançar para qualquer tipo de iniciativa legislativa está fora de causa”. Por conseguinte, resgatando o sentido deontológico do texto, o título deveria ter sido algo do género: “PAN não vai propor fim de provérbios anti animal”. Mas apesar desta revelação, o jornal investe novamente na colocação das acções da PETA nas mãos do PAN, como que a plantar provas na cena do crime, dando para a análise do leitor uma tabela com provérbios e as respectivas alternativas sem “linguagem anti animal”, como “Pegar o Touro pelos cornos” que é substituído por “Pegar uma flor pelos espinhos”, entre outras férteis soluções, omitindo que a autoria é da PETA, e que é possível consultar o exercício na página da organização (https://www.peta.org/features/what-peta-really-stands-for/).

O PAN aceitou o desafio de abordar o tema e acabou por enaltecer, conceptualmente, a pertinência do debate, aliás, que já havia surgido em outras ocasiões e em outros países, especialmente em relação ao primeiro ciclo escolar, algo que, um bom jornalista teria aferido.

No Brasil, várias escolas já abordaram a temática em torno das letras de algumas canções infantis tradicionais, que são parte do folclore brasileiro, incluindo a célebre “Atirei o pau ao gato”. O mesmo debate estendeu-se à literatura, e deu-se especialmente em torno da obra “Caçadas de Pedrinho” (1933), do autor brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948), que foi várias vezes apontada como detentora de um certo preconceito e estereótipo racial, a partir de referências à personagem negra Tia Nastácia, que encontramos nas estórias do “Sitio do Pica-pau Amarelo”.

Antes disso, já os Estados Unidos discutiram a pertinência de adoptar no programa escolar a obra infanto-juvenil “As aventuras de Huckleberry Finn”, o clássico escrito por Mark Twain e que Ernest Hemingway considerou como o marco inicial da literatura norte-americana moderna. Este livro chegou mesmo a ser censurado e banido das listas de leitura escolares, não só pelo teor racista de que muitos acusaram o autor, mas por considerarem que a personagem Huck Finn, que não gosta de ir à missa, nem de rezar, nem da escola e ajuda um escravo a fugir, ofende a religiosidade, os valores familiares, a moral e, na altura, a sensibilidade política. E sobre este assunto existem vários posicionamentos, desde os que rejeitam a continuidade destas obras no programa escolar, até aos que defendem que se deve sempre priorizar a boa literatura e as versões originais, e que estas narrativas devem ser devidamente explicadas e historicamente contextualizadas e não subtraídas do cânone.

Por conseguinte, o debate existe há muito tempo, e o PAN não se esconderá dele, porque em uma democracia não existem assuntos proibidos e ninguém pode colocar-se acima da crítica.

Cada um responderá, seguramente, por tudo o que diz e por tudo o que faz. Mas todos ganhamos com o debate e ninguém deveria ver esta reflexão com melindre ou hipocrisia.

O PAN é genuíno e arejado, e não é difícil reconhecer que talvez seja detentor de uma certa ingenuidade, por estar sempre disponível para colaborar em todas as reflexões, mesmo nas mais complexas ou sobre aquelas que nunca ousamos abordar; ingenuidade por nunca sentir a imperativa necessidade de ler nas entrelinhas do canto mais degradado do meio político; ingenuidade por não saber ainda descodificar o real propósito do jornalistazinho sabichão, por não estar refém da dicotomia esquerda/direita, por pensar que cada microfone é segurado por uma integridade inviolável, por defender causas globais e não apenas um lado. Envolto nessa candura política, o partido acede sempre participar em todos os debates, sem medo ou preconceito, nunca antecipando escrutínios sobre o trabalho dos jornalistas que solicitam a sua colaboração.

Talvez seja tempo de aplicar uma postura mais defensiva, uma estratégia mais preventiva em relação à comunicação social em geral, e em particular àqueles jornais e televisões que apenas funcionam como rastilho, mas que não conseguem ir para além da ficção e do murmúrio.

O que esteve sempre em causa não foi a reflexão sobre a iniciativa da PETA ou a posição do PAN sobre o assunto, nem sequer o conteúdo da notícia. Mas apenas um título, um chavão errático e preconceituoso, com o único intuito de descredibilizar o PAN e que gerou um movimento polémico baseado na predisposição que um certo tipo de comunicação social tem para assumir-se como o “Macaquinho de imitação”, que nunca quer saber da lição.

* Membro da Assembleia Municipal de Aveiro eleito pelo PAN.

https://www.noticiasdeaveiro.pt/a-comunicacao-social-a-ingenuidade-politica-e-os-proverbios-de-sempre/?fbclid=IwAR08zbaGXjWYvAvfGQ4L3MnkxCwtLPwyYHozu8vByPUgOCxbkoiJyEuascQ

 

Publicado no Mar Revolto por: Sandra Marques

 



publicado por António Lemos às 16:45
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Quinta-feira, 8 de Novembro de 2018
EU QUERO O FIM DA CAÇA Á RAPOSA.

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EU QUERO O FIM DA CAÇA Á RAPOSA.

A raposa não é um animal que faça parte de qualquer tipo de gastronomia em Portugal, nem mesmo na Península Ibérica, continuar a permitir o abate a tiro, paulada ou por matilhas de cães, só serve para deleite daqueles que possuem instintos assassinos, ou interesses económicos como o comércio mais ou menos obscuro da pele das raposas.

 

A raposa é um mamífero carnívoro, alimenta-se principalmente de pequenos roedores, coelhos, peixes, ovos, frutos e insetos, o seu habitat são regiões de clima temperado, em Portugal a raposa vermelha pode ser encontrada de norte a sul.

A raposa é uma predadora generalista e oportunista, não desperdiça qualquer tipo de alimento. Come desde coelhos, ou ratos, ouriços, escaravelhos, gafanhotos, perdizes, pássaros, répteis, anfíbios, ovos, frutos silvestres, etc.

Quando o alimento natural escasseia costuma recorrer às áreas humanizadas, à procura de animais domésticos, resquícios de alimento nas lixeiras e até aproveitar animais mortos por atropelamentos. Nos períodos de maior abundância de alimento costumam armazenar a comida, enterrando-a, para consumir nas alturas menos abastadas.

Em Portugal nas regiões em que é detectada a escassez de alimentos naturais da raposa o mesmo deve-se á caça excessiva de coelhos, lebre e aves.

Apesar de não existirem estudos concretos acerca da sua abundância, verifica-se que é uma espécie muito comum.

A actual abundancia deste animal deveu-se em parte, à eliminação de alguns dos seus predadores naturais, tais como, a águia-real, o bufo-real, a açor, o lince e o lobo, devido em grande parte á caça predatória, nomeadamente ao lobo ibérico apesar da proibição.

 Os principais factores de ameaça á raposas, estão relacionados directamente com actividades humanas, nomeadamente com as medidas de controlo de predadores implementadas pelas Zonas de Caça dos diversos regimes cinegéticos, a própria caça, já que a raposa é considerada uma espécie cinegética, e a rede viária que leva a que se torne com frequência em vítima de atropelamentos.

Não é verdade que a raposa ataque com frequência as capoeiras comendo as galinhas, tal pode acontecer em alturas de muita escassez de alimentos naturais, e sobre capoeiras que não possuem a segurança devida para a protecção dos animais, ainda assim, alguns ataques a capoeiras atribuídos ás raposas são efectuados por matilhas de cães que vivem de forma selvagem atacando capoeiras devido á fome, situações que mais uma vez só podem ser imputadas ao homem pela sua incúria e desleixe na preservação dos animais no seu habitat natural.

Na Inglaterra, onde a caça á raposa é considerada uma tradição secular, essa prática foi proibida em 2005, não encontro qualquer justificação para que alguém dotado de sensibilidade para a defesa da vida, possa alguma vez concordar que se continue a matar raposas em Portugal.

 

António de Lemos

 

Bibliografia:

https://www.todabiologia.com/zoologia/raposa htm

http://www.terrasdesico.pt/turismo-fauna/raposa

Covão da Ponte, Serra da estrela.



publicado por António Lemos às 17:21
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Terça-feira, 6 de Novembro de 2018
Que Futuro: um progresso sob a forma de retrocesso?

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SOS SADO·DOMINGO, 4 DE NOVEMBRO DE 2018

O MUNDO ANDA PARA A FRENTE E SETÚBAL VOLTA AOS ANOS 70? 

 

Anda a sociedade civil e os media num corrupio total em volta do tema das dragagens no rio Sado, e o debate que se deve produzir, alto e bom som, parece estar a passar-nos constantemente  por entre os dedos.

Lamentavelmente, as redes sociais, esse imenso potencial de imersão e possibilidade de colaboração colectiva, ocupam muito mais o lugar de uma arena romana do que o de um espaço de diálogo, esclarecimento e edificação colectiva.

Não sendo isto uma novidade, é importante ter presente o papel da contra-informação e do ruído informativo em todo este processo como forma de afogamento da verdade.

Já lá vão os tempos em que a terapia de grupo se fazia à volta de um copo de vinho, a jogar chinquilho, a pescar ou à volta de uma mesa de bilhar. Entre um descargo de consciência, um desabafo e uma informação consistente, venha o diabo e escolha. Porque alguém teme pelo seu emprego na zona portuária, as dragagens passam a ter o valor de uma boia de salvação em alto mar. E não é assim. A queixa pode ser legitima, mas a solução não o é. Tudo se confunde e a solução aparece-nos mascarada de virtude como se nada mais houvesse a fazer. E não é assim que as coisas são, nem é assim que devem ser. Isto, se aquilo a que aspiramos tem por base comum o progresso da sociedade e a melhoria de vida para a generalidade dos cidadãos.

Qual é então a questão que nos escapa quase sempre à análise e que é colocada como objectivo central pelos defensores das dragagens? Observando toda a comunicação veiculada para os media, só há um objectivo claro: a necessidade imperiosa de criação de emprego com vista ao desenvolvimento e à melhoria das condições de vida da população. É esse o argumento central apresentado por todos os defensores das Mega-Dragagens: um mal necessário, assumido, mitigado pela oferta de emprego e pela promessa de desenvolvimento.

De facto, é este o grande argumento da opção política emanada do governo (via Ministério do Mar) secundada localmente com unhas e dentes pelos vereadores maioritários do PCP e do PS (CMS) assim como pela Administração do Porto de Setúbal SA.

Naturalmente, no abstracto, nenhum cidadão de bom senso se opõe a tal objectivo. Quem se opõe à melhoria das condições de vida das populações? É óbvio que todos desejam o desenvolvimento, sem excepção.

O problema que se coloca não é pois ao nível do objectivo, mas sim ao nível da metodologia escolhida para se atingir o objectivo. Na gíria é o “Como” que importa, algo que podemos identificar como a filosofia política da ideia das Mega-Dragagens.

É então neste ponto que as opções do governo, da CMS e da APSS SA se separam das opções de muitos cidadãos e organizações norteadas pelo bom senso e pelo reconhecimento dos valores do ambiente.

Listadas que estão as múltiplas vicissitudes e as  terríveis consequências desta filosofia em múltiplos artigos de imprensa e nas mais diversas posições das organizações ambientais (das mais formais às mais informais), será importante manter em perspectiva o objectivo central, e discutir de que outras formas ele pode ser atingido. Sendo consensual que todas as partes desejam atingir o desenvolvimento, então, com alguma agilidade política, este processo poderá muito simplesmente ser revertido. Bastará para isso alterar a filosofia (política) das decisões tomadas e encontrar novas formas de atingir o mesmo objectivo, lembrando que uma coisa são os objectivos e outra são os meios para os atingir. Vivendo em Setúbal, podemos todos ter o objectivo de ir a Lisboa ver um concerto de Benjamim Clementine, mas alguns preferirão ir de carro, outros de autocarro enquanto outros preferirão ir de comboio, conforme a condição pessoal de cada um. Ou seja, partilhamos um mesmo objectivo mas temos processos/formas diferentes de o poder atingir. O objectivo não é ir de carro a Lisboa, mas sim assistir a um concerto do Benjamim Clementine. Ir de carro é apenas uma forma de lá chegar, tal como as Mega-Dragagens são apontadas como uma forma de atingir desenvolvimento e ganhar postos de trabalho.

Como muito bem se entende, a solução (forma/processo) defendida pela APSS SA (seguir link sobre volume das dragagens, aqui), secundada em toda a sua latitude pela vereação e presidência CMS, subsidiárias das politicas do Ministério do Mar, aponta para uma transformação massiva da baía de Setúbal num gigantesco parque de estacionamento de navios de grande porte, capazes de transportar 6.000 contentores de uma só vez! E, na ambição dos promotores, com possibilidade de dois desses gigantes se poderem cruzar à entrada do rio. Para quem está um pouco alheado destas dimensões será importante lembrar que estamos a falar de barcos com um comprimento equivalente a 3 ou 4 campos de futebol (300/400 metros, ver exemplos aqui, aqui). Veja-se o gigantismo da coisa. Os simples buracos de rua demoram em Setúbal semanas ou meses a serem reparados, mas de repente já nos achamos capazes de lidar com barcos de 6.000 TEU’s e as respectivas 81 viagens/dia de camiões de grande porte, só para o aterro na zona nascente do Terminal Ro- Ro (nota explicativa, aqui).

De onde virá então tamanha inspiração?

É preciso lembrar que tais camiões e barcos são altamente poluidores da atmosfera e do mar com fortes implicações na saúde humana (notas explicativas aqui, aqui, aqui), constituem um perigo constante para a navegação do rio escravizando a circulação do estuário às suas gigantescas manobras (exemplos de acidentes com sérias implicações aqui, aqui, aqui, aqui)  e que, são perigosas incubadoras de seres estranhos ao nosso habitat de entre os quais se destacam insectos portadores de doenças mortais. Finalmente, mas não menos importante, o perigo constante que os seus lastros representam para o ecossistema do rio. É sabido entre os pescadores que neste momento estão já identificadas cerca de 4 espécies invasoras no rio Sado.

Interessa-nos pois, nesta fase critica do processo, saber o que nos promete a parceria CMS/APSS SA. Assim, analisando o Parecer da Comissão de Avaliação (link, aqui), na página 22 podemos constatar que, em fase de construção, num período estimado entre 3 a 4 anos, a criação de emprego corresponde a “60 empregos diretos e 180 empregos indiretos”. Isto sem que se saiba durante quanto tempo são esses empregos garantidos. Seguindo uma leitura linear, estes empregos extinguem-se após o término das obras uma vez que são empregos de obras, óbvio. Ainda a propósito da criação de emprego, na página 23 do mesmo documento, há um subcapítulo que merece ser transcrito na integra. Diz o seguinte:

Tráfego de Contentores

O acréscimo de tráfego de contentores gerado com a realização do projeto de melhoria dos acessos marítimos será de 86 000 TEU em 2020, aumentando progressivamente para 129 000 TEU em 2030 e até 185 000 TEU em 2040. Originará uma média de criação de emprego de 143 empregos diretos ao ano:

  • Em 2020, 2 anos após a execução das dragagens: 95 novos empregos diretos.
  • Em 2030: 141 novos postos de trabalho.
  • Em 2040: 200 novos postos de trabalho.

Como facilmente se depreende da leitura, a interpretação é ambígua e contraditória, sendo que não há absolutamente nenhuma justificação nem fundamentação de que empregos se fala, da sua natureza contratual ou da sua localização geográfica. Potencialmente poderemos estar a empregar programadores informáticos na Índia cuja tarefa se concentra em explorar algoritmos para margens de erro nos movimentos robóticos das gruas. Na prática é isto que pode acontecer.

Sendo este um parecer que está na origem de uma tomada de posição vital para a região, sendo a região a grande beneficiada por esta acção, seria de esperar dos seus responsáveis um mínimo de rigor e de lógica na fundamentação e exposição de argumentos. Na realidade, o que temos ali é um exercício de falibilidade mais próprio de uma actividade artística do que de uma actividade técnico-científica.

Em consequência, e como resposta a este devaneio vertido num documento sem alusão a  autores ou autor academicamente verificável, apresentam-se a seguir, uma série de alternativas passíveis de criação de emprego mais qualificado, em número muito superior ao proposto, com metas temporais mais curtas,  e sem qualquer impacto negativo para o meio ambiente.

 

OUTROS CAMINHOS, OUTRA VISÃO

Nas propostas que se seguem, e que constituem a ideia fundamental deste texto, valorizam-se as vantagens científicas, culturais e artísticas para a cidade e para o país. Apresentadas de forma sucinta,  as ideias constituem acima de tudo uma outra filosofia política e uma outra visão de futuro. Uma visão mais virada para o pilar da sustentabilidade ambiental em estreita ligação com o desenvolvimento científico, cultural e artística da cidade, da região, do país e do planeta.

É tempo de pararmos de pensar no ferro e seus derivados industriais, e de começarmos a pensar que essa época já passou há algumas dezenas de anos. O momento actual corresponde à época de informação, conhecimento e criatividade. Tal como precisamos de exorcizar as touradas em que se mata com o ferro, também precisamos de exorcizar a criação de empregos baseada na indústria do ferro e do metal. O mundo evoluiu desde então para cá, e as Indústrias Culturais são já uma área de investimento consolidado em todos os países desenvolvidos.

Veja-se o caso de Bilbao, em Espanha, uma cidade marcadamente industrial até aos anos oitenta e encurralada entre um passado de indústrias pesadas e um futuro incerto.

 

 

zona portuária de Bilbao, antes da implantação do Museu Guggenheim

Tendo entrado em franco declínio, com elevadas taxas de desemprego fruto da decadência da industria metalúrgica e da industria naval, consciente da crise que atravessava, Bilbao resolveu revitalizar-se, e, num autêntico golpe de rins criou aquele que é hoje um dos grandes centros de referência artística na Europa: o Museu Guggenheim. Desenhado pelo arquitecto Frank Gehry e inaugurado em 1997, o museu, para além de constituir uma das maiores referências mundiais da arquitectura, alberga constantemente exposições de artistas contemporâneos do mais alto nível, tendo-se tornado uma das mais fortes atracções turísticas de Espanha e da Europa. Três anos depois da sua inauguração, já contava com 4 milhões de visitantes geradores de 500 milhões de euros em actividades económicas.  Segundo números das autoridades locais,  foi estimado que o dinheiro gasto pelos visitantes em hotéis, restaurantes, lojas e transportes correspondeu à cobrança de cerca de 100 milhões de euros em impostos, e só no ano de 2016 o número de visitantes ascendeu a cerca de 1 milhão, algo inimaginável de acontecer 20 anos atrás (um pouco do seu historial, aqui). A média de visitas mensais anda na ordem dos 100.000 visitantes, pouco menos do que a população de Setúbal.

Ainda assim, pese embora o sucesso que viria a ter, a decisão de construir o museu pareceu demasiado ambiciosa para a altura e como sempre acontece não faltaram críticas dos mais diversos horizontes. No entanto, o caso da revitalização de Bilbao é de tal forma reconhecido e consolidado que já deu origem a um novo termo nas áreas de investimento cultural, arquitectura e planeamento urbanístico: “Bilbao Effect” (mais info aqui, aqui, aqui) . O projecto parecia demasiado arriscado para uma cidade tão empobrecida pelo desemprego e caracterizada na sua essência por uma grande ausência de sensibilidade artística e cultural.  Mas tal como se verifica em Bilbao e num sem número de cidades, a valorização artística tem desempenhado um papel vital no desenvolvimento das cidades desde os primórdios da humanidade. Fazer de conta que essa realidade não existe é ignorar uma dimensão fundamental no desenvolvimento humano, e em última análise, é mesmo uma recusa evolutiva.

Escolher hoje aqueles que eram os caminhos dos anos 70, não é evoluir, é regredir, é virar as costas ao futuro. Evoluir é muito mais do que andar a apanhar bonés e cair no engodo do negócio fácil. Evoluir é olhar para a frente e aprender com os erros do passado, tal como qualquer pai ensina aos seus filhos. Temos de mudar o paradigma antes que seja tarde demais para nós, e para a natureza que nos rodeia.

Ao longo da minha experiência de vida, tendo visitado várias dezenas de cidades um pouco por todo o mundo, de Rabat a Hong Kong, passando por Paris, Berlim, Kiev ou pelo Dubai, houve uma aprendizagem que me ficou gravada na memória como corolário de todas estas viagens: as duas grandes razões que levam as pessoas a viajar pelo mundo parecem ser (1) o turismo cultural, essencialmente orientado para a fruição da arte, e (2) o turismo geográfico, orientado para a beleza natural dos locais, em que se incluem naturalmente as suas variantes lúdicas (artesanato, cozinha local, etc.). Poderemos encontrar imensas micro variações dentro de cada género, mas invariavelmente acabarão todas por se integrar nestas duas grandes categorizações, sendo o turismo religioso o único que talvez fique a meio termo entre as duas categorias.

Pensando na cidade de Setúbal, talvez seja consensual admitir que a sua paisagem circundante e os seus parques naturais a fazem cair invariavelmente na segunda possibilidade, sendo que, relativamente à primeira categoria, a da arte, tudo está por fazer em Setúbal.

Partindo deste potencial existente, a grande pergunta que se coloca é: porquê colocar em causa o único património que temos como certo e válido para a região e para o país, havendo um porto de águas profundas em Sines, a algumas dezenas de quilómetros, em que se gastaram muito recentemente cerca de 700 milhões de euros?

Porquê fazer de conta que não se está a colocar em causa a integridade de um património natural único na Europa, literalmente entalado entre reservas naturais classificadas e aclamadas internacionalmente? Isto sem esquecer que a baía de Setúbal está classificada entre as dez baías mais belas do mundo.

Que sentido faz então toda esta atrocidade industrial e em nome de que racionalidade?

 

OUTRAS POSSIBILIDADES DE FUTURO, UM OUTRO IDEAL

1 - CRIAÇÃO DE UM PÓLO UNIVERSITÁRIO E CENTRO DE INVESTIGAÇÃO ORIENTADO PARA A NATUREZA

(ciência e investigação em vez de indústria pesada)

Há uma quantidade considerável de universidades espalhadas por esse Portugal fora. Porque não a criação de uma universidade em Setúbal? O potencial geográfico (rio, mar, serra, península) permitiria criar facilmente vários cursos de proximidade à natureza potenciados por um espaço laboratorial privilegiado, e de certa forma único em Portugal, capaz de atrair estudantes internacionais tendo em conta a tradição e vocação marítima do país. Possíveis áreas poderiam ser biologia marinha, estudos ambientais, biodiversidade, etc. Uma área possível de desenvolvimento  poderia ser também a biotecnologia, um campo de investigação em franca expansão em todo o mundo e que pode movimentar cerca de 5/6 milhões de euros/ano. Imagine-se os postos de trabalho e a massa critica que um tal espaço poderia injectar numa cidade como Setúbal. Numa dimensão mais modesta é muito frequente um centro de investigação poder movimentar valores na ordem de 300.000 €/ano e não é raro que um único investigador, ou um pequeno grupo consiga captar prémios de investigação na ordem de 1 ou 2 milhão de euros (exemplos aqui, aqui. aqui, aqui).

Logo à partida, um investimento desta natureza criaria muito mais emprego em fase de construção do que as dragagens em 10 anos, e a médio/longo prazo produziria a massa critica fundamental ao florescimento da cidade. Estudantes trazem vida e alegria ao espaço urbano, e aumentam bastante o comércio local de bens de consumo regular.  Acresce a ausência total de poluição.

A ideia tem tudo à partida para ser uma aposta ganha. Mais empregos, empregos mais qualificados e duradouros, mais massa critica, menos poluição e valorização exponencial do ambiente e dos valores da dignidade universal.

 

2 - CRIAÇÃO DE UM PROJECTO ARTÍSTICO DE GRANDE ESCALA PARA A CIDADE

(cultura em vez de indústria pesada)

A implementação desta ideia poderia ser conduzida, por exemplo,  segundo dois grandes vectores de orientação. Um deles direcionado fundamentalmente para a criação de um pólo universitário onde se produzisse reflexão que tivesse como eixo central as grandes preocupações artísticas do século XXI.

E um outro vector que apontaria para o reforço e consolidação de estruturas e actividades existentes, conferindo-lhes maior e melhor dignidade profissional. Neste caso, serão dados alguns exemplos, de entre os muitos possíveis.

Vector Século XXI: Criação de uma Universidade vocacionada para o ensino artístico  Num momento histórico claramente identificado como de importância vital para o desenvolvimento da criatividade, é fundamental dotar a cidade de um local de concentração e investimento no ensino artístico. Como se sabe pelos inumeráveis exemplos, sempre que uma cidade investe em cultura o seu crescimento faz-se exponencialmente. Dessa forma, considerando a proximidade à natureza, a implantação de um tal espaço poderia criar sinergias muito interessantes no domínio da investigação, podendo-se desenvolver projectos de acolhimento a artistas e investigadores que encontrariam na região o que de melhor se deseja: bom acolhimento, boa cozinha e um espaço laboratorial de excelência para estudar e trabalhar. As possibilidades de interacção com a natureza, como se sabe, constituem um aspecto crucial na vida das pessoas, e por essa ordem de ideias, representam um aspecto de enriquecimento para qualquer  estudante. Nesta vertente, a proximidade às actividades náuticas proporcionadas pela cidade poderia ser um importante factor de atracção para potenciais estudantes nacionais e estrangeiros. Por outro lado, considerando a proximidade a Lisboa, uma escassa meia hora de viagem via autoestrada, seria também relativamente fácil atrair e integrar professores residentes na capital, conseguindo-se assim um corpo docente relativamente sólido e experiente. Não menos importante, a proximidade do aeroporto para possível captação de professores visitantes estrangeiros desempenharia um papel igualmente vital na facilitação desse investimento.

Se considerarmos a possibilidade simultânea de existirem ambas as universidades (ponto anterior), poder-se-ia pensar numa parceria entre centros de investigação que visasse a investigação entre arte e natureza à semelhança de outros programas europeus de desenvolvimento científico.

A título de exemplo, posso citar o caso de Virus-Antivirus um projecto implementado em 2007 na MC2 (Maison de la Culture) em Grenoble, França, ao abrigo do programa l’Atelier Arts-Sciences e em que estive envolvido como artista-compositor. A essência do projecto consistia em explorar artisticamente um conjunto de desenvolvimentos tecnológicos (StarWatch) produzidos pelo Centro de Energia Atómica (CEA/ LETI/DCIS) por forma a levar esses mesmos desenvolvimentos ao extremo da sua utilização. Neste caso, o extremo da utilização tinha a forma de uma coreografia em que a própria coreografa/bailarina (Annabelle Bonnéry) controlava o desenvolvimento da composição de acordo com os seus movimentos. No processo de criação, em que estivemos sempre acompanhados por uma equipa de nanotecnologia do CEN chefiada pelo cientista Dominique David, foram testados vários protótipos que deram origem a novos modelos, mais resistentes, mais eficientes energeticamente e mais responsivos ao movimento.

No final do processo, o resultado da parceria teve dois outputs: um artístico (a coreografia e composição musical) e outro medico-científico (aparelhos de acompanhamento permanente ao movimento a doentes muito debilitados e terminais). O projecto percorreu imensos palcos e passou a constituir um case study na produção “arte-ciência” em França (mais informação, aqui).

Não poderia ser também uma ambição de Setúbal?

Vector Reforço e Consolidação: Criação de um Centro Cultural

Olhando para o panorama nacional é confrangedor observar que Setúbal não tem um Centro Cultural capaz de acolher espectáculos de média e larga dimensão à semelhança de tantas outras cidades nacionais. Os actuais espaços, embora dignos, não são dotados de equipamentos à altura das exigências actuais, nem estão dimensionados para as reais necessidades das actividades artísticas que seguem os standards técnicos habituais. Falta-nos por exemplo um auditório de média dimensão capaz de receber 180/250 expectadores (um formato convencional) e em que seja possível criar o modelo de black-box crucial à maioria dos espectáculos. O mesmo se pode dizer em relação a uma sala com escala de grande dimensão na ordem das largas centenas de espectadores (exemplos: Theatro Circo em Braga, ou o Centro Cultural Vila Flor em Guimarães).

Não menos importante seria criar uma equipa de programação igualmente capaz de responder aos anseios da população através de uma programação cuidada, actual e exigente. Mais uma vez, os dois casos de salas acima mencionados podem servir de referência. Só a título de exemplo, considerando o momento em que se escrevem estas palavras, dentro de 12 dias actuará no Theatro Circo o artista nórdico Nils Frahm, e há 5 dias atrás actuaram os Kronos Quartet. Seis dias antes actuou Damien Jurado. Ou seja, num espaço de 20 dias actuam em Braga, no Theatro Circo, 3 artistas de um nível e de uma contemporaneidade que Setúbal nunca foi capaz de programar e acolher.

Já é altura de se inverter esta triste política de isolamento e fechamento à realidade da criação contemporânea.

Com esta proposta, poderiam ser criados cerca de 20 postos directos e abriam-se as portas a muitas dezenas de postos indirectos. Ganhava Setúbal, ganhava a cultura e ganhavam os setubalenses que passam a vida a ir a Lisboa ver espectáculos que nunca circulam pela sua cidade natal. E com isso era menos dinheiro que os cidadãos de Setúbal gastavam em Lisboa e mais dinheiro que alimentava a economia local.

 

 

Festival Semibreve (Theatro Circo, Braga). Imagem: Adriano Ferreira Borges

Vector Reforço e Consolidação: Criação de um Festival de Artes Digitais

Se há coisas que nos nossos dias se tornam por demais evidentes, uma delas é certamente o peso que a ciência e a tecnologia digital imprimem no nosso quotidiano. Um pouco por todo o lado florescem festivais e encontros em que se comemora esta dimensão das nossas vidas. Sendo as artes digitais uma actividade em franca expansão por todo o mundo, seria de todo o interesse para os nossos jovens poderem ser confrontados com o que de mais interessante se faz na produção e criação digital. Um festival desta dimensão tem um potencial turístico gigantesco, podendo gerar receitas muito consideráveis num breve período de tempo. Lembre-mo-nos que só o festival Sónar em Barcelona é suficiente para alterar a balança de pagamentos da Catalunha. Em pouco mais do que vinte anos, o festival ganhou uma dimensão mítica e a sua organização tem já uma dimensão industrial, sendo um case study habitual no mundo das industrias criativas.

Em Portugal, o festival Semibreve, nascido em 2011, em Braga, é já tido como um dos grandes festivais europeus de novas musicas atraindo à cidade espectadores e imprensa especializada de todo o mundo (exemplo, aqui). Segundo estudos de 2017, o Impacto calculado com base na determinação do valor monetário das notícias (AVE –Advertising Value Equivalence) ascende a cerca de 660.000 euros, sendo 27% desse valor de origem internacional.

Paralelamente, a área das Indústrias Criativas está neste momento a movimentar alguns milhões de euros no Norte de Portugal através de um programa de continuidade de investimento que se estende ao longo dos próximos anos. Mais uma vez, opções que não poluem, que não destroem o ambiente e que só aumentam o nível de literacia nos cidadãos.

Os postos directos de trabalho num evento desta natureza ascenderiam a uma escassa dezena, se tanto, mas num curto espaço de tempo movimentariam muitas dezenas de milhares de euros em estadias, alimentação e serviços diversos relativos à permanência de turistas culturais na cidade. E, como se comprova em casos semelhantes, a tendência verificada é para esses mesmo visitantes trazerem novos visitantes num processo de realimentação positiva.

Vector Reforço e Consolidação: criação de uma Orquestra Filarmónica

Se se criasse uma orquestra - a Filarmónica de Setúbal - já se criavam 100 postos de trabalho. Mais postos directos do que os anunciados para 3/4 anos de obras de dragagens. Acresce que uma orquestra não destrói a natureza, antes pelo contrário, exalta-a, e em consequência há mais riqueza cultural e menos poluição. Com uma orquestra viriam os afinadores de instrumentos, os reparadores de instrumentos e mais estudantes de música, com o consequente emprego de professores de música, uma classe tão desesperadamente nos limites da sobrevivência. Sabemos o quão rico é o distrito de Setúbal em produção de músicos (Conservatório, Academia, Capricho, Caceteiros, Loureiros, etc.). Porque não empregá-los numa orquestra? Evitariam ter de sair da cidade e da região para trabalhar, tal como tem acontecido a tantos jovens e adultos. Em postos indirectos também superaríamos os mesmos 180 anunciados para 3 / 4 anos de obras. Com o desenvolvimento e consolidação da orquestra poderíamos ter uma maior projecção artística da cidade, algo que, lamentavelmente, não acontece de forma alguma.

Vector Reforço e Consolidação: criação de um Coro Profissional

Se se financiasse adequadamente um Coro de Setúbal em direcção à profissionalização dos seus membros, não seria necessário que os próprios cantores estivessem constantemente a contribuir financeiramente para as estruturas existentes. Seriam outros 30 ou 40 postos de trabalho. E com eles uma maior qualidade vocal e maior projecção artística da cidade. Mais uma vez: mais riqueza cultural, menos poluição e mais natureza.

Uma medida que faria todo o sentido na cidade que consagra o nome de uma cantora lírica à sua maior e mais icónica avenida: Luisa Todi. Essa sim, seria uma verdadeira homenagem à cantora que levou o nome de Setúbal a lugares até então “nunca antes navegados” por um setubalense.

CONCLUSÃO

O que nos impede então de fazer de Setúbal uma cidade melhor, senão a vontade de não avançar?

Como se sabe, as grandes cidades tornam a comunicação e a interacção social muito difícil. É demorado, dispendioso e bastante desmotivador passar diariamente muito tempo em deslocações de um lado para o outro, algo que começa a acontecer quando as cidades atingem os 500/600.000 habitantes. Como é sabido, Setúbal tem uma população que coincide com o número considerado ideal para se viver equilibradamente num centro urbano.

Este é, pois, o momento certo para se dizer não a algumas coisas e sim a outras. Como nos disse vezes sem conta Jean Paul Sarte, esse grande pensador da humanidade: estamos condenados a ter de escolher. É essa a nossa grande responsabilidade em vida, escolher, fazer opções. Está nas mãos de cada um, escolher o que julga ser melhor observando os exemplos que nos rodeiam.

Sem grandes pretensões, foi esse o retrato que vos quis fazer, o de uma possibilidade de escolha entre muitas outras.

E se alguém acha que pode negar e contrapor esta possibilidade de futuro com um outro em que grandes embarcações de contentores dominam a paisagem do estuário do Sado, então que nos apresente essa sua visão e que o faça com argumentos plausíveis. O que nos é proposto com estas Mega-Dragagens, não perspectiva qualquer possibilidade de desenvolvimento social para a cidade nem para os seus moradores.

Nesta encruzilhada que se nos oferece, para já, o que temos é um executivo camarário com maioria absoluta PCP e PS que prefere que se despejem contentores numa das dez baías mais belas do mundo, e que na primeira Sessão Pública de Câmara do mês de Outubro de 2018, chamou a essa opção desenvolvimento e progresso.

Fica-me a ideia de que estes senhores e senhoras vêm o mundo a andar para a frente, mas querem Setúbal de volta aos anos 70.

E nós, o que fazemos?

Vitor Joaquim, 4/11/2018

https://www.facebook.com/notes/sos-sado/que-futuro-um-progresso-sob-a-forma-de-retrocesso/1933482273426163/

Publicado no Mar Revolto por: Antonio de Lemos

Imagem: Museu Guggenheim Bilbao https://www.guggenheim-bilbao.eus/pt-pt/informacao-util/horarios-e-tarifas/

 

 



publicado por António Lemos às 11:52
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Quarta-feira, 25 de Abril de 2018
Eu estava lá e não esqueço!

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Eram 6h do dia 25 de Abril de 1974, quando o meu pai me acordou e me disse que havia algum problema em Lisboa que na radio tinha ouvido dizer que havia militares nas ruas.

Tinha de pegar ao serviço às 7.30h, no Hotel Estoril Sol, onde trabalhava mas hás 8h já estava no Terreiro do Paço acompanhado pelo meu colega Guedes

Eu e o Guedes a partir dessa hora assistimos a todos os desenvolvimentos, correndo de um lado para o outro sofregamente, querendo presenciar tudo o que se estava a passar. Nunca esquecerei aquela figura ímpar do CAPITÃO SALGUEIRO MAIA de arma ao tiracolo dando ordens de um lado para o outro, no Terreiro do Paço, de braços abertos em frente dos tanques de guerra na Rua do Arsenal, ou ainda de megafone na mão em frente do quartel da GNR no Largo do Carmo.

 Estive no Terreiro do Paço, na Rua do Arsenal, na Ribeira das Naus, no Largo do Carmo, e na rua, António Maria Cardoso, onde se encontrava a sede da PIDE/DGS e onde se registarão os únicos mortos e feridos da nossa REVOLUÇÃO no dia 25 DE ABRIL. A PIDE abriu fogo por duas vezes matando 5 pessoas e fazendo 45 feridos. EU ESTAVA LÁ! Quando fugia dos tiros ao virar de uma esquina tropecei num soldado que se encontrava deitado no chão de arma na mão, perguntou-me se eu estava ferido, respondi que não e ele disse “estes filhos da puta querem estragar tudo”. Eu não me esqueci EU ESTAVA LÁ! NÃO APGUEM A MEMORIA! 25 De ABRIL SEMPRE!

Antonio de Lemos



publicado por António Lemos às 00:09
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Sábado, 31 de Março de 2018
Faro de Cabo Ortegal

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Faro de Cabo Ortegal

Faro, (farol) de Cabo Ortegal é um farol de 10 metros de altura, sendo que junto ao cabo a altura das falésias podem atingir mais de 600m, está localizado na costa atlântica de La Coruña, no Cabo Ortegal, é o ponto mais setentrional da Espanha.

Visitámos o Faro do Cabo Ortegal em 21 de Fevereiro de 2018, num dia de alguma chuva e de muito vento em que as previsões meteorológicas indicavam a possibilidade de rajadas até 70 Km. A estrada de acesso não é larga, está ladeada em alguns locais por precipícios e estava molhada devido á chuva, o que obrigou a cuidados redobrados na condução.

Projectado em 1982, foi concluído em 1984. A torre cilíndrica padronizada é construída de cimento, medindo 3 m de diâmetro e 12,70 m de altura. É branco com uma tira vermelha, com duas varandas redondas de 4,70 m de diâmetro, localizado na província de La Coruña.

Em frente ao Cabo Ortegal têm sido muitos os naufrágios devido às formações rochosas denominadas “Aguilones”, um dos mais conhecidos e relatados ao longo dos tempos tem sido o naufrágio do Vapor "Miramar", a 9 de fevereiro de 1918, tendo morrido 10 dos 37 tripulantes.

Dados técnicos - Sinal iluminado

Número internacional: D-1686.3

Altura do plano focal (m): 124Hight

Altura do suporte (m): 10

Características da luz: L 0 5 oc 2 L 0 5 oc 4 5 L 0 5 oc 7

Ritmo de luz: GpD (2 + 1)

Período da luz (s): 15

Cor da luz: Branco:

Alcance nominal noturno (MN): 18

Nacional Nº: 03160

Latitud: 43º 46.261 'N

Longitude: 007º 52.188' W

Publicado Por: Antonio de Lemos

 

Bibliografia:

“masmar” http://www.masmar.net/esl/Gu%C3%ADas/Faros/Galicia/03160-Faro-de-Cabo-Ortegal

TALES OF A WANDERER http://www.talesofawanderer.com/blog/cabo-ortegal/

Blogue Jordi Carreño Crispín.https://jordicarreno.wordpress.com/2008/09/22/el-vapor-miramar-se-hundio-hermando-dos-pueblos-marineros/

 



publicado por António Lemos às 15:42
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Sábado, 17 de Março de 2018
Visita ao Navio Hospital Gil Eannes

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Visita ao Navio Hospital Gil Eannes

Quando navegavam na Terra Nova e nos Grandes Bancos, os navios portugueses da pesca do bacalhau até 1923, ficavam por conta própria sem qualquer assistência, quando algum tripulante adoecia ou ficava ferido com gravidade, a única solução era rumar a terra normalmente para o porto de St. John’s no Canadá.

Em 1923 a marinha de guerra portuguesa decidiu enviar um navio para os Grandes Bancos com o objectivo de prestar assistência á frota de pesca á linha.

Foi então escolhido para esta função o cruzador Carvalho Araújo, mas por infelicidade logo na sua viagem inaugural o navio encalhou devido aos nevoeiros na costa sul da Terra Nova, tendo conseguido safar-se pelos próprios meios 24 h depois do encalhe. Não é claro se o navio ainda prestou assistência á frota de pesca nessa campanha.

Depois do acidente com o Carvalho Araújo só em 1927 voltou a ser enviado um navio para assistência da frota de pesca portuguesa, tratava-se do navio Gil Eannes, ex. Lahnec, que tinha sido aprendido aos alemães, durante a primeira guerra mundial quando se encontrava fundeado no rio Tejo, tendo sido transformado em navio-hospital, missão que durou até 1954.

Em 1955 um novo navio que estava em construção ficou pronto e entrou ao serviço como navio-hospital foi-lhe atribuído, (mais uma vez), o nome de Gil Eannes e é o navio museu flutuante que pode ser visitado em Viana do Castelo terra onde foi construído.

Este moderno navio tinha uma tripulação de sessenta e dois homens. O Gil Eannes foi o primeiro navio especificamente projectado para operar nos grandes bancos como navio hospital, com dois blocos operatórios, aparelhos de radiografia, laboratório de análises, salas de isolamento, sala de estomatologia, três médicos, vários enfermeiros, elevador de dimensões suficientes para transportar macas e acamados.

Os serviços médicos do Gil Eannes estavam disponíveis para tripulantes de navios de outros países, mediante pagamento de uma taxa, à excepção dos canadianos que recebiam os serviços gratuitamente como reconhecimento pela hospitalidade oferecida á frota portuguesa no Canadá, especialmente na Terra Nova que fazia parte da confederação do Canadá.

Para além de navio hospital, o Gil Eannes também estava capacitado para fornecer abastecimentos á frota, como água, combustível, carvão para os fogões das cozinhas e frescos. A tripulação independentemente das condições climáticas e da agitação marítima tinha de transferir pacientes em macas, realizar operações, prestar todo o tipo de socorro no mar, como acorrer a naufrágios, recolhendo os náufragos. 

O Gil Eannes efectuou a sua última viagem de assistência à frota bacalhoeira em 1973, esteve parado durante algum tempo e em 1975 iniciou novamente atividade como navio comercial transportando bacalhau seco da Noruega para Lisboa, ao serviço da Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau.

Ainda em 1975 foi requisitado pelo Governo Português para apoiar a independência de Angola, como navio hospital, terminada essa missão voltou a ser armado para viagens comerciais, tendo navegado pela Noruega, Canadá, Nova Inglaterra, África do Sul, República dos Camarões e Espanha, terminou a sua actividade em 1984.

A partir de 1984 o navio foi-se degradando de cais em cais no porto de Lisboa, onde foi sendo sucessivamente pilhado de grande parte do seu equipamento, até ser vendido para abate em 1997, nesse mesmo ano incentivada pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, a comunidade vianense mobilizou-se, para trazer aquele ícone da história marítima portuguesa para a cidade onde nascera.

Ainda em 1997 foi constituída a Comissão Pró-Gil Eannes com o objetivo de angariar meios financeiros para resgatar o navio Gil Eannes da sucata evitando o seu desmantelamento. Em 1998, a referida Comissão deu origem à Fundação Gil Eannes, atualmente proprietária do navio e nesse ano o navio chegou à cidade que o viu nascer para ser exposto no porto de Viana do Castelo.

O histórico Gil Eannes entrou nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo ainda em 1998 para trabalhos de limpeza e reabilitação, contando com o apoio de várias instituições, empresas e da sociedade civil em geral, criando dessa forma as condições necessárias para a sua abertura ao público em Agosto desse mesmo ano.

Em 2000 foram realizadas obras de beneficiação alargando o percurso de visita permitindo hoje aos visitantes, visitar a ponte de comando, quartos de oficiais, sala de radio telegrafistas, cozinha, padaria, casa das máquinas, elevador de transporte de doentes em macas, consultórios médicos, enfermarias, sala de tratamentos, gabinete de radiologia, laboratório de analises, bloco operatório, camarotes, capela, uma sala de exposições temporárias, uma sala de reuniões, uma loja de recordações.

Visitei, a 24 de Fevereiro de 2018, o Gil Eannes Navio Hospital. Este navio é hoje um museu flutuante que, não só retrata as suas funcionalidades enquanto navio hospital, mas também muito do que foi aquilo que considero ser a ultima grande epopeia marítima dos portugueses, a pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova e Gronelândia.

Os homens que, primeiro em navios à vela e mais tarde a vela e motor, rumavam aos mares gelados e tempestuosos da Terra Nova e Gronelândia nas décadas de 50 e 60, não só eram excelentes pescadores como extraordinários marinheiros. No auge da pesca do bacalhau à linha, utilizando os Dóris, pequenas embarcações individuais para a captura dessa extraordinário peixe, usavam somente linhas de mão, navegando com a ajuda de uma pequena vela ou a força dos braços nos remos.

São esses homens, marinheiros e pescadores, os derradeiros heróis da epopeia marítima portuguesa. É um pouco da história desses heróis que o navio hospital Gil Eannes nos conta, uma história que em cada campanha era feita de sacrifícios, de perseverança, de muitos perigos, de alegrias e tristezas e de muita saudade.

Visitar o Gil Eannes Navio Hospital não é só absorver a história, o conhecimento que o navio nos transmite é também, e principalmente, homenagear todos os que foram e voltaram, e todos os que la ficaram.

Por: António de Lemos

Bibliografia:

Os Navios da Pesca à Linha, autor, Jean Pierre Andrieix, edição Fundação Gil Eannes.

Faina Maior – A Pesca do Bacalhau nos Mares da Terra Nova

BLOGUE DO MINHO – Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza, http://bloguedominho.blogs.sapo.pt/202358.html

Fotografia, António de Lemos



publicado por António Lemos às 14:45
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Sexta-feira, 2 de Março de 2018
TENDO O MAR COMO HORIZONTE OS FARÓIS COMO OBJECTIVO

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TENDO O MAR COMO HORIZONTE OS FARÓIS COMO OBJECTIVO

Uma viagem pela costa das Astúrias e da Galiza

2700,233 Km de Cascais a Ourense, de Ourense a Luanco (Asturias), de Luanco a Gijon, de Gijon a A Coruña, (Galiza) de A Coruña a Fisterra, de Fisterra á Illa de Arousa de Arousa a Cangas, de Cangas a A Guarda (Pontevedra), de A Guarda a Caminha de Caminha a Esposende de Esposende a S. Domingos de Rana, (Cascais), foram 9 dias de 17 a 25 de Fevereiro de 2018.

A partir de Gijon fizemos a rota dos faros, (faróis), até A Guarda, incluindo os faróis da costa da morte que começa no Faro de Punta Nariga e termina no Faro de Fisterra, visitamos, 27 faróis e 9 portos de pesca.

Visitamos o excelente Museu Marítimo das Astúrias, em Luanco, o Aquário em Gijon, a Torre de Hercules na A Coruña e vários pontos de interesse turístico e cultural, principalmente relacionados com o mar. Já em Portugal visitámos o Navio Hospital Gil Eannes e o Farol de Montedor entre Caminha e Viana do Castelo bem como o Forte S João Baptista onde se insere o Farol de Esposende.

Maravilhamo-nos com as muitas e belas paisagens verdes que acabam no mar, com a fauna e a flora, com as maravilhosas flores de muitas e belas cores que povoam as arribas, e até com vacas, cavalos, cabras e ovelhas que pastam livremente sem cercas de arame, sem pastores sem guardas, maravilhamo-nos principalmente com o silencio do ruido do mar.    

Um mergulho na Illa de Arousa com águas frias mas transparentes como vidro, uma floresta de algas, pouca pedra muita areia branquinha, poucos e pequenos peixes, muitos bivalves e búzios de várias espécies e outros habitantes daquele mundo subaquático que me pareceu não estar muito conspurcado pelo bicho homem.

Não descoramos a gastronomia, garantidamente o nosso segundo objectivo, das excelentes tapas de Ourense acompanhadas por bom vinho tinto, aos cachopos de Gijon regados a sidra, á Fabada Asturiana, o Pulpo á Feira, o Virrey al horno, as Lubinas, as Douradas e o Rape a la plancha, as Zamburinhas, Navallas, Mexillón, Almejas a la marinera, as gambas e os vinhos brancos e tintos.

Já em Portugal, em Vila Nova de Cerveira degustámos a bela Lampreia do rio Minho á bordalesa regada a espumante tinto de vinho verde.

Um aventura que correu bem, mesmo quando as estradas de acesso aos faros eram ladeadas por precipícios e a chuva resolveu molhar a estrada, ou o vento soprava forte, ou mesmo quando perdidos no alto da serra com nevoeiro e de noite, procurando um pequeno porto que ficava mesmo lá em baixo, ou quando o faro que procuramos teima em não aparecer e nem mesmo com Bluetooth, GPS e sei lá mais o quê, conseguimos lá chegar, vida de marinheiros em terra não é fácil.

Temos o mar como horizonte voltaremos qualquer dia mais para norte ou mais para sul, até porque:

“E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.

E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,

a vida é sempre a perder...” (Xutos & Pontapés)

 

António e Ana de Lemos

 

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publicado por António Lemos às 16:01
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Quarta-feira, 31 de Janeiro de 2018
Em cascais, PSD, CDS e PS concordam com a prisão e tortura de crianças em Israel!

 

 

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Esta foi a MOÇÃO pela Liberdade para Ahed Tamimi, e todas a crianças presa em Israel apresentada na Assembleia Municipal de Cascais no dia 29 de Janeiro de 2018 que os partidos PSD, CDS e PS rejeitaram. Estes partidos, PSD, CDS e PS concordam com a prisão e tortura de crianças em Israel!

Moção  “Liberdade para Ahed Tamimi”

A jovem ativista palestiniana, de 16 anos, Ahed Tamimi foi detida na madrugada do passado dia 19 de dezembro por forças do exército israelita que assaltaram a sua casa, situada na aldeia de Nabi Saleh.

O motivo apresentado para a sua detenção é um vídeo divulgado nas redes socias onde se vê Ahed e a sua prima Nur enfrentarem soldados do exército israelita, após ter sido agredida por estes mesmos soldados.

Perante a divulgação do vídeo foram diversos os altos dirigentes israelitas que se pronunciaram no sentido da prisão imediata de Ahed e sua família, que se veio verificar também com a sua mãe, que ficou detida quando a pretendia visitar na prisão, e da sua prima, que foi detida em casa no dia 20 de Dezembro.

A reação das jovens da família Tamimi é o resultado de anos de humilhação por parte do exército Israelita, tendo recentemente um seu parente, Mohammed Tamimi, de 15 anos, sido atingido na cabeça com uma bala de borracha.

 A aldeia onde estas jovens residem tem vindo ao longo dos anos a ser alvo do roubo de dezenas de hectares e de uma nascente de água em proveito de um colonato israelita.

Em função desta ocupação, ilegal à luz do direito internacional, os habitantes de Nabi Saleh têm vindo a realizar protestos pacíficos consecutivamente reprimidos pelo exército Israelita e que se estima tenha vitimado mortalmente três pessoas e ferido centenas de outras.

Para além da detenção de que foi alvo, Ahed tem vindo a ser transferida entre várias prisões de Israel, uma vez mais ao arrepio do direito Internacional.

A situação de Ahed não é única, tendo esta jovem vindo juntar-se às mais de três centenas de menores Palestinos que se encontram nas prisões de Israel.

A maioria destes jovens relata ter sido alvo de maus-tratos e forçados a assinarem «confissões», muitas delas em hebraico, apesar de não compreenderem a língua.

 

Perante esta sucessão de atropelos, em 29 de Janeiro de 2018 a Assembleia Municipal de Cascais delibera:

- Condenar a repressão e violência de Israel, em particular sobre os jovens e as crianças dos territórios ocupados da Palestina;

- Manifestar a sua solidariedade com Ahed Tamimi e todos os jovens e crianças presos por Israel e exigir a sua libertação imediata;

-Dar conhecimento da presente moção às seguintes entidades:

Missão Permanente de Portugal junto das Nações Unidas

Presidente da República

Primeiro-Ministro

Ministro dos Negócios Estrangeiros

Grupos Parlamentares da Assembleia da República

Presidente da Câmara Municipal de Cascais

Presidentes das Juntas e União de Freguesias do Concelho

Embaixada de Israel

Missão Diplomática da Palestina

Comunicação Social

Cascais 29 de Janeiro de 2018

 O Grupo Municipal do Partido Comunista Português

Publicado por: António de Lemos 



publicado por António Lemos às 11:42
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Terça-feira, 28 de Novembro de 2017
PS: UM JOGO NOVO?

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PS: UM JOGO NOVO?

A brilhante intervenção do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares no encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2018 é a prova de que o Partido Socialista pode constituir-se como força de esquerda através da alteração da correlação de forças entre PS e PCP no quadro geral da Assembleia da República.

Agora que já tenho a vossa atenção, vejamos os 3 motivos principais por que é falsa a afirmação anterior:

 

  1. O Passado

 

O passado demonstra claramente que o PS tem uma postura discursiva variável consoante o momento histórico, para preservar a política de direita e o favorecimento da predação do trabalho pelo capital através daquilo a que chamam a "economia social de mercado"(1). A utilização de figuras como Manuel Alegre, ou as alusões de Mário Soares ao "socialismo democrático" foram afinal de contas, como a História demonstra sem margem para grandes dúvidas, apenas as máscaras e camuflagens que o PS sempre utilizou para capitalizar dividendos junto do movimento progressista português, particularmente em fases em que a hegemonia permitia alcançar conquistas e avanços para o proletariado que o próprio PS se encarregou de travar e neutralizar, impondo a política da União Europeia e o capitalismo monopolista, provocando o afastamento de Abril e a aproximação a Novembro.

 

O passado também demonstra que o PS tem um comportamento de poder comprometido com os grandes interesses económicos, com a estrutura proprietária e com a sua concentração num grupo cada vez mais pequeno de grandes proprietários. Igualmente, demonstra que o compromisso fundamental do PS é para com o grande capital transnacional e para com a exploração do trabalho dos portugueses, aliado a uma constante entrega de sectores fundamentais a privados, em detrimento da qualidade dos serviços e dos direitos de quem os presta e de quem deles usufrui.

 

O passado demonstra igualmente que o PS é um partido que protagoniza, quando liberto para tal, uma política eminentemente de retrocesso social e de decadência económica.

 

  1. O Futuro

 

Ao não romper, ou melhor, ao não questionar sequer, as regras do capitalismo, o PS apresenta ao país um abismo mascarado de progresso. A recente e actual recuperação de direitos e os tímidos avanços em algumas áreas fundamentais da política nacional não são compatíveis com o projecto de futuro do PS para Portugal.

 

Ou seja, a "flutuação para a esquerda" na política do Governo actual, provocada pela circunstância específica de ser necessária a viabilização do mandato do PS, é uma anomalia no comportamento do PS mas não uma alteração matricial no seu posicionamento.

 

A prova disso é a manutenção do alinhamento com o funcionamento da União Europeia e a persistência na manutenção da hegemonia de classe que o capitalismo impõe ao país. Ou seja, o PS quer vender a ilusão de que é possível conciliar o actual rumo de reposição de direitos sociais e económicos e o funcionamento capitalista da União Europeia. Tal ilusão estilhaçar-se-á nas mãos de todos quantos não a desfizerem, principalmente nas dos trabalhadores que não tomem o actual momento como um momento de ruptura mais funda e de viragem radical. A continuidade do caminho actual nos termos em que tem vindo a ser percorrido até aqui significará uma nova onda de retrocesso imposto pela força dos grandes patrões e pelo simples funcionamento da União Europeia. Isto não significa que o caminho que actualmente se percorre é o errado, significa que sem erradicar os obstáculos que o marcam, será um caminho travado a breve trecho, com custos para todos os trabalhadores portugueses e abrindo novos espaços a uma direita ainda mais retrógrada e violenta.

 

A ilusão do futuro construído sobre o actual posicionamento do PS consiste na impossibilidade da sua concretização e é ao mesmo tempo o grande agente da denúncia sobre as verdadeiras intenções do PS. Ou seja, se o PS sabe que defende a economia capitalista e pretende manter as relações sociais que lhe são inerentes, se sabe que o seu alinhamento com a União Europeia é inquebrável, então também sabe que esses seus posicionamentos são incompatíveis com a melhoria consistente e prolongada das condições de vida dos trabalhadores portugueses. O PS sabe que o actual momento é um dos raros momentos em que a melhoria das condições de vida da população se compatibiliza com o capitalismo, mas também sabe que esses momentos são fugazes. Capitalismo e bem-estar não são incompatíveis para todas as camadas populacionais durante todo o tempo, mas são incompatíveis no longo prazo. O capitalismo melhorou de forma muito substancial a qualidade de vida da Humanidade, sem que isso retire justeza a uma única crítica marxista-leninista do capitalismo e das suas consequências, limitações materiais, sociais e económicas.

 

É o compromisso do PS, presente e assumido como de futuro, com o capitalismo e a União Europeia que demonstra que não alterou em nada a sua postura no frágil mas por vezes útil referencial "esquerda-direita". O PS continua a querer o que sempre quis: integrar o conselho de administração do capitalismo português e europeu.

 

  1. A matriz passado-presente-futuro

 

A conjugação dos elementos do passado do PS, juntamente com a sua perspectiva de futuro anulam a tese de que o PS se converte à "esquerda" se pressionado pelo PCP, mas confirma que o PS restringido pelo PCP não pode ser o que lhe apetece em todas as áreas da governação.

 

A matriz do PS não é alterável pela correlação de forças institucional. O seu comportamento momentâneo, sim. Mas mesmo no actual contexto é possível afirmar que em nenhuma das dimensões fundamentais de Governo existe uma alteração matricial e ideológica no posicionamento do PS. A sua política mantém intacta a relação social capitalista, a estrutura fundiária do País, a desindustrialização, a submissão à agiotagem, o favorecimento dos grandes grupos económicos e a utilização da lei e do Estado para a manutenção do capitalismo.

 

A intervenção de Pedro Nuno Santos hoje na Assembleia da República é, não a viragem à esquerda do PS, mas a marcação pelo PS do espaço eleitoral da esquerda(2). Ou seja, o PS não quer parecer envergonhado por estar a repor direitos, quer parecer empenhado nessa recuperação, já que a ela está obrigado pela posição conjunta que assinou com o PCP e pela importância conjuntural que o PCP ocupa hoje no quadro político, considerando a força parlamentar e a força social e popular do Partido. Mostrar-se contrariado seria o pior para o PS do ponto de vista eleitoral. Mostrar-se satisfeito e empenhado é a táctica mais inteligente, colhendo assim os louros e ampliando a sua base eleitoral a todos os que esperam há décadas, quase religiosamente, um PS de esquerda. E mesmo àqueles que pensavam já não ser possível um PS de esquerda. A forma mais rápida de capitalizar apoios e de liquidar a força do PCP nas decisões futuras é abraçar as preocupações dos operários e do eleitorado do PCP e não hostilizá-las. O PS nada tinha a ganhar com a insistência num discurso anti-PCP declarado, optando por fazer um discurso anti-PCP velado, fingindo estar abraçando as posições e preocupações do PCP e alargando a sua influência às camadas que até aqui se reviam apenas no PCP e não no PS.

 

É o velho jogo do PS.

 

A ilusão sobre a natureza da política do PS e sobre o próprio PS, particularmente se atingir os trabalhadores e as suas camadas mais conscientes e interventivas, pode ter um negro desfecho e abrir muitas portas a botas cardadas. Por isso é que o papel do PCP e da luta de massas é neste contexto absolutamente determinante, para que ninguém compactue com um branqueamento político do PS e do seu projecto, para que ninguém se iluda quanto à sua natureza, enquanto partido, que não é necessariamente igual e coincidente com a natureza do actual Governo, nas actuais e pontuais circunstâncias.

 

 

(1) estranho termo porque toda a economia é social, mas nem toda é necessariamente de mercado capitalista. Mas descodifiquemos o que significa "social" naquele contexto e percebemos que a ideia não é utilizar o significado de "social" como em "relações sociais", mas sim aludir a um conceito social de "direitos sociais" e de "socialismo", tal como "mercado" também existe em socialismo mas não é a esse "mercado" que ali se alude. O termo "economia social de mercado" para se compreender a utilização que a classe dominante lhe dá teria de ser convertido em "capitalismo com preocupações sociais" o que é evidentemente uma contradição nos termos.

 

(2) "esquerda" é um termo equívoco, mas pode ser utilizado para facilitar.

 

PUBLICADO POR MIGUEL TIAGO

SEGUNDA-FEIRA, 27 DE NOVEMBRO DE 2017

 

http://manifesto74.blogspot.pt/2017/11/ps-um-jogo-novo.html



publicado por António Lemos às 10:52
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Sábado, 6 de Maio de 2017
VISITA A ESCAROUPIM, UMA ALDEIA AVIEIRA.

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VISITA A ESCAROUPIM, UMA ALDEIA AVIEIRA.

Situada no concelho de Salvaterra de Magos, (margem sul do rio Tejo), a aldeia de Escaroupim é de visita obrigatória para quem gosta e quer conhecer um pouco da historia do rio, das suas gentes, da sua fauna e flora, da sua gastronomia.

Escaroupim foi uma aldeia que se formou devido á migração durante o inverno para as margens do Tejo, de pescadores e suas famílias oriundos de Vieira de Leiria, mas também de pescadores oriundo da Murtosa, sendo que segundo opinião de alguns residentes em Escaroupim, a predominância e número de fixados seria de gentes vinda de Vieira de Leiria.

Alves Redol descrevia assim os avieiros de Escaroupim:

“Incerto o pão na sua praia, só certa a morte no mar que os leva, eles partem. Da Vieira de Leiria vêm ao Ribatejo. Aqui labutam, alguns voltam ainda, ávidos de saudade do seu mar. Muitos ficam” (Alves Redol)

Obrigatória a visita ao Edifício do Cais da Vala em Salvaterra de Magos, que alberga o Museu do Rio, bem como a Núcleo Museológico do Escaroupim, situado na aldeia AVIEIRA, que é composto pelo Museu Escaroupim e o Rio e a Casa Típica Avieira.

Gastronomia na aldeia Avieira de Escaroupim é mesmo no restaurante o Escaroupim, bom atendimento, boas entradas, bom vinho e essencialmente boas enguias e boas sobremesas.

Antonio de Lemos

 



publicado por António Lemos às 13:52
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Terça-feira, 2 de Maio de 2017
PSP de Cascais interrompe protesto contra obra ilegal

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PSP de Cascais interrompe protesto contra obra ilegal

A PSP interrompeu um protesto pacífico dos moradores da Quinta da Carreira, em São João do Estoril, esta manhã, agindo de forma violenta contra o eleito da CDU na Câmara de Cascais. Em causa, o parque de estacionamento que a autarquia começou a construir em solo da reserva ecológica nacional.

Fonte do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da Polícia de Segurança Pública explicou à Agência Lusa que Clemente Alves foi detido por «não obedecer às ordens e resistir» a abandonar o local. Contactado pelo AbrilAbril, o vereador e candidato da CDU à Câmara de Cascais, nas autárquicas de 1 de Outubro, nega a versão oficial da polícia e conta como tudo se passou.

 

«As pessoas estavam civilizadamente a contestar uma obra clandestina e ilegal, porque está situada num espaço da reserva ecológica nacional, quando chega cerca de uma dezena de agentes», conta Clemente Alves.

 

«Identifiquei-me enquanto vereador da autarquia e interroguei por que razão estavam ali, uma vez que as pessoas se manifestavam de forma pacífica e não estavam a obstruir a passagem. O comissário Coimbra respondeu-me: "você saia daí, não tenho nada que lhe responder". Sem explicações, empurraram-me de forma violenta, e a bastantes populares, algemaram-me e levaram-me para a esquadra. Depois disto tudo, amanhã, pelas 9h30, deverei ser presente a tribunal para uma sessão sumária de julgamento», descreve.

 

As obras do parque de estacionamento começaram há cerca de dez dias. O eleito denuncia que a intervenção, além de ilegal, está a ser feita de forma clandestina. Além de não estarem afixados avisos de obra, Clemente Alves afirma que está a ser feita «à pressa», com operários que trabalham mais de oito horas por dia. «Ontem, que era Dia do Trabalhador, esteve em curso até às 19h», acrescenta.

 

A população tem vindo a pedir explicações por parte da autarquia. «Os moradores já exigiram que alguém viesse ao local prestar depoimentos. Junto ao protesto desta manhã estiveram a polícia municipal e administradores de empresas municipais, num acto de provocação, sem dar esclarecimentos», refere Clemente Alves.

http://www.abrilabril.pt/local/psp-de-cascais-interrompe-protesto-contra-obra-ilegal

Publicado no Mar Revolto Por: Antonio de Lemos

 

PSP DE CASCAIS AGRIDE BRUTALMENTE O VEREADOR CLEMENTE ALVES

A fotografia em cima regista o momento em que Clemente Alves vereador na Camara de Cascais e candidato á presidência da Camara de Cascais pela CDU, é agredido e impedido pela PSP de Cascais de entrar numa obra da Camara, impedido de apoiar e de se manifestar junto com os moradores um direito constitucional que lhes assiste questionando a ilegalidade da obra, a construção de um parque de estacionamento em local que se encontra inserido na REN, Reserva Ecológica Nacional. Antonio de Lemos

 



publicado por António Lemos às 16:38
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Sábado, 4 de Março de 2017
A Margarida Partiu, a dor é Incomensurável

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 A última foto da Margarida em Fevereiro de 2017

 

A Margarida Partiu, a dor é Incomensurável

A Margarida como eu a tratava quando conversava com ela, a Maggie como todos a tratávamos, uma menina linda que retiramos da rua há cerca de três anos.

Conheci a Margarida na rua onde tratamos a nossa colonia, todos os dias quando ia repor ração, água e ver os meus meninos e meninas, passava por uma menina, normalmente deitada junto a um menino preto (hoje é o nosso Camões), que não se aproximava da colonia. Aos poucos começamos a oferecer-lhe uma latinha de comida húmida, primeiro a medo lá ia comendo, depois aos poucos começou a permitir mais aproximação, um dia apareceu junto ao abrigo onde colocamos a ração, a partir dai a empatia foi crescendo não só para comigo como também para com a Cristina e a Joana.

A Margarida parecia uma menina frágil, coxeava de uma das pernas traseiras, o que lhe dava um andar engraçado, pois abanava a cauda que normalmente trazia sempre levantada, mais parecendo uma antena, mas de frágil não tinha nada, quando chegava junto dos outros gatinhos era respeitada, poucos se atreviam a chegar muito perto.

Decisão tomada, a Margarida ia fazer parte da família. Não me recordo da data em que aconteceu talvez a Joana ou a Cristina saibam com precisão.

Recolhida com recurso a uma transportadora, passagem breve pelo veterinário, a Margarida chegou á nossa casa que passou a ser a casa dela e conheceu as novas irmãs a Kitty e a Satine, o Camões e o Blakie, chegariam mais tarde.

A adaptação da Margarida foi fácil, alguns medos iniciais, mas passados alguns dias já permitia festinhas já fazia ronrons dava beijinhos e gostava de morder com meiguice os nossos dedos.

Depressa se revelou um doce, um amor de menina, a todos dava encostinhos e marradinhas, de todos queria festinhas, dedicando uns miminhos especiais á Joana ou seja á mana “velha”, a Margaria acrescentou alegria e felicidade á família que agora também era a dela.

A Margarida tinha, (e tem), a sua caminha noturna, entre a minha almofada e a almofada da Cristina, dormia muitas vezes junto às nossas cabeças mesmo quando a mana “velha” estava em casa normalmente pelas 4 da manhã a Margarida lá passava por cima de mim ou encostada á minha cabeça, para se aninhar entre as nossas almofadas.

A Margarida foi sempre uma menina muito especial, fazia umas caras engraçadas, por vezes olhava para nós com uma expressão pateta, mas de pateta a Margarida não tinha nada, sistematizava tudo o que mais gostava, a hora da papinha mole, os ronrons matinais na casa de banho ou os ronrons da nossa chegada a casa, os pedidos de colinho quando nos sentávamos no sofá da sala, a sua caminha junto á lareira, de onde obrigava qualquer um a sair quando chegava.

A Margarida nunca foi uma menina com problemas graves de saúde, teve algumas vezes de ir ao veterinário, foi tratada a problemas oftalmológicos no hospital, mas na maioria das vezes os médicos atribuíam os problemas de saúde á idade, uma vez que não havendo certezas, a idade atribuída á margarida pelos veterinários seria entre os 10 e os 12 anos.

No dia 26 de Fevereiro de 2017 saímos para trabalhar pelas 7 horas da manhã, a Margarida, cumpriu todas as rotinas matinais, comeu a papinha mole da manhã, comeu alguma comida rija que está sempre disponível e dirigiu-se para o nosso quarto, não nos lembramos se ficou na casa de banho ou se ficou na nossa cama, dissemos até logo e saímos.

A Cristina regressou a casa pelas 12h, quando entrou deparou com a Margarida em convulsões no hall dos quartos, em pânico telefonou-me cheguei em 15 minutos transportamos a Margarida para as urgências do Hospital da Faculdade de Medicina Veterinária em Monsanto.

A Margarida foi assistida de imediato, depois de paradas as convoluções, disseram-nos que a Margarida teria de ficar internada, assim que acordasse seria avaliada, assim foi, declaramos que tudo, mas mesmo tudo teria de ser feito para salvar a Margarida.

A equipa médica manteve-se sempre em contacto connosco, no primeiro contacto percebemos a gravidade da situação, todos os exames possíveis tinham sido efectuados, a situação  clinica da Margarida era muito grave.

No dia 28 visitamos a margarida pelas 14h nos cuidados intensivos, a Margarida tinha acordado do coma induzido, mas não respondia como era esperado, o coração da Margarida batia, a Margarida respirava e pouco mais.

Durante a visita falei ao ouvido da Margarida, disse-lhe que a amava, que ela tinha de viver, dei-lhe muitos beijinhos, não sei se ouviu ou se sentiu, se sentiu ou ouviu ficou a saber que o pai estava ali que não estava sozinha. Constatar este estado em que a Margarida se encontrava, foi devastador, foi a maior dor da minha vida.

Pedi á médica que naquele momento estava encarregue de vigiar a Margarida, para tudo fazerem, garantiu que tudo seria feito, explicando todos os procedimentos que se iriam seguir.

Tanto eu como a Joana saímos do hospital devastados, a esperança estava a morrer.

Às 20h o telefone tocou, a chamada que não queríamos atender aconteceu, a medicina nada mais podia fazer pela Margarida, a menina estava em sofrimento e nada mais havia a fazer, o conselho dos médicos era que devíamos deixar a Margarida partir.

Às 21 h estávamos no hospital para nos despedirmos do meu amor, da minha menina, a dor é Incomensurável, a Margarida partiu, não partiu sozinha estivemos com ela até ao ultimo suspiro, a Margarida vai viver eternamente nos nossos corações.

No dia 2 de Março, de 2017, a Margarida foi cremada na ASFA em Cascais, às 16.30h a nossa menina já tinha regressado a casa.

Se existe um céu dos gatinhos é para lá que eu quero ir quando partir, assim poderei pegar de novo ao colo a minha Margarida dar-lhe muitos beijinhos e sei que ela vai retribuir com muitos ronrons.

A minha Margarida, a nossa Meggie vive em nós.

Antonio de Lemos



publicado por António Lemos às 23:02
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